sábado, 31 de dezembro de 2016

2017



NEVER LET YOUR FEAR 


DECIDE YOUR FATE


Honestamente não me sinto calma, nem sinto que as coisas vão correr bem, mas tenho que perceber que não sou bruxa, nem vidente, o que eu sinto, não interessa, porque na realidade eu não sei, ninguém sabe. Pode correr bem ou mal. Haverá com certeza estatísticas, essas não serão abonatórias, mas o desfecho, com ou sem certezas, eu não sei. Se não tentar, eu não sei.
Sou movida pelo medo, pelo medo de não correr bem, e pelo meu instinto de sobrevivência. O meu instinto na dualidade "fight-or-flight", é sempre "flight", nesta altura da minha vida, tenho que ser capaz de lutar em vez de fugir, tenho que mudar e parar de querer proteger-me de sofrer.

Esta sou eu. Sem filtros. Sem floreados. Não é bonito. Não é reluzente. Não é alegre, e não é animador. Este blog é oficialmente lame (just plain stupid, un-original, or lifeless), mas é meu e é uma ajuda escrever, ajuda-me a perceber o que realmente sinto, ajuda-me a desabafar e foi bom tê-lo em 2016.
Consulta já agendada em 2017.

Feliz ano novo



quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

De rastos

Hoje estou assim. Na minha cabeça está tudo claro. Vou começar mais uma caixa de pilula quando o período se dignar a vir e após essa caixa vou para a ivi. No primeiro ou segundo dia do ciclo, lá me terão. Vou entregar-me nas mãos deles e logo se verá.
Mas apesar disto estar muito claro, estou absolutamente perdida. Morta de pena de mim. Morta de desgosto por ser eu. Por não ser como as outras, parar a pilula e ver a risca a aparecer.
Não sei em que acreditar, sinto que nem na  ivi nem em lado nenhum vai resultar que não vale a pena gastar dinheiro e tempo por uma coisa que nunca vai dar certo.
Só queria desaparecer e levar comigo toda a minha incompetência.

sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

Nesta altura custa mais...

As fotografias das barrigas ao pé da árvore de Natal e da lareira. Desculpem, mas são como facadas. Sou triste e mesquinha e invejosa mas é o que sinto.
Ah, mas tu nem estás a fazer nada para engravidar! Devias era estar calada! Mas não consigo, nesta altura custa mais.
Boas festas a todas!

terça-feira, 20 de dezembro de 2016

Loucuras da infertilidade

No ano que tentei engravidar, senti-me muitas vezes louca e, apesar de agora estar em pausa sei, lá no fundo, que ainda não desisti de ser mãe, por isso novos momentos de loucura me aguardam. Mas, também sei que fui muito feliz quando parámos com a verdadeira paranóia mensal que é tentar engravidar. Viajámos, relaxámos, tivemos momentos felizes. Claro que cada vez que vi uma grávida ou um bebé o meu coração ficou do tamanho de uma ervilha e os meus olhos brilharam embargados de tristeza.
Tentar engravidar sem ajuda médica, quando sabemos que temos um problema que nos condiciona a fertilidade é muitas vezes viajar sem mapa. Não temos quem nos diga se já ovulamos ou não, quando tentar, se é cedo para fazer o teste, como não temos mapa, às vezes viajamos um bocado à toa.
Das coisas que mais me fazia endoidecer era tentar perceber se já tinha ovulado, se ovularia e neste caso quando! Muco cervical, temperatura, testes de ovulação, moinhas nos ovários seria ovulação? Seria um endometrioma a crescer? Seriam quistos? Após  a fase da ovulação, cerca de uma semana depois começava a maior ansiedade e era ver-me a apalpar as mamas 30 vezes ao dia, ora acho que doem ora já não doem. E mesmo que doam pode ser por motivos totalmente contrarios a uma gravidez! Depois aquela dualidade de pensamentos, do : vou ter esperança ou não vou criar nenhumas falsas expectativas. E o acreditar que por ser Natal, por ser Páscoa, por ser dia da mãe ou dia de qualquer coisa é que ia mesmo acontecer! Para mim, ainda havia a fase do spotting 11 dias após a ovulação, o que significava mais um negativo...E mais um acesso de loucura, ir de forma doentia à casa de banho para ver se tinha ou não spotting.
As tentativas infrutíferas de engravidar, as ansiedades e as angústias, não apenas no final de cada ciclo, mas ao longo do ciclo conjugadas com as funções e as expectativas que a vida nos exige podem tornar-se um verdadeiro suplício e levar-nos ao esgotamento e à depressão.
A minha experiência reside apenas num ano de tentativas espontâneas, quando inseridas num contexto de PMA tudo triplica, pois além do desgaste emocional existe um desgaste físico e um investimento financeiro, que fazem com que tudo se torne ainda mais difícil.
Força e coragem para quem está na luta

terça-feira, 13 de dezembro de 2016

This is gonna happen

Estava no outro dia a rever na sic mulher, um episódio da série Brothers and Sisters. Gostei imenso da série quando estreou. Achei que devia partilhar convosco, uma conversa do casal Kitty (Calista Flochart) e Robert (Rob Lowe) que luta contra a infertilidade. Já fizeram tratamentos, nomeadamente FIV, todos eles falhados, não chegaram a transferência. Esta conversa passa-se num mês de pausa de tratamentos de pma e de tentativas au naturel. Para mim fez muito sentido e às vezes é preciso um empurrãozinho para percebermos melhor os nossos sentimentos.

Robert: (...) It starts to feel like a job doesnt it?
Kitty: Im sorry... I dont think i really wanted to try this month...
Robert: Really?
Kitty: Well I mean I did, but I just really didn't...I guess... It's just the next part is so miserable. You know, all the obcessing! I hope, and I pray... and then I get all disappointed and crushed again.
Robert: (...) We have to hope (...) This is gonna happen. I dont know how. I dont know when. But this is gonna happen.

Eu estou nesta fase que a personagem, supostamente, está. Não quero tentar. Nem espontaneamente, nem indo ao médico, fazendo tratamentos, nada. Só quero estar aqui, quieta, a fazer-me de morta. Porque não é o tratamento que me assusta, que me mete medo, é o depois. É o hope and pray para nada. Para ficar novamente desfeita em mil pedacinhos, que tenho que voltar a unir, e uma pessoa não pode andar a trabalhar, só para comprar cola! O preço da cola está pela hora da morte!

quinta-feira, 10 de novembro de 2016

Ikea, ou a loja das grávidas?

A sério, não sei se vos acontece, mas haverá sítio com mais grávidas por m2???
Eu bem que me esforço e passo a mil, pela área dos quartos e coisas para bebés, porque não consigo estar ali a olhar para aquilo, é auto-mutilação, então fujo qual velocista! Mesmo assim caramba! São mais que as mães, credo!

terça-feira, 25 de outubro de 2016

Há dias felizes

Há dias felizes e hoje é um dia muito feliz, o mais feliz, desde dia 17 de Julho.
Chegaram os resultados definitivos da histopatologia da minha avó e além do gânglio estar ok, não há invasão linfovascular, as margens cirúrgicas estão ok, enfim excelentes notícias.
Estou radiante e muito muito agradecida!
Obrigada também a vocês pelo vosso apoio, é preciso agora recomeçar a outra batalha, mas hoje estou só feliz :)

terça-feira, 27 de setembro de 2016

Esperar

Não tenho escrito mas tenho acompanhado os blogs queridos da mylittlefairytale, dos hitechbabies e da PL. Contínuo a rejubilar com as vossas alegrias e a desanimar com as vossas pedras no caminho. Contínuo a torcer pelos vossos finais felizes. 
Da minha parte não tenho novidades. Esperar. Sei conjugar este verbo em todos os seus tempos e modos. Espero não ter dores para acreditar que o quisto folicular se foi embora, para marcar consulta na ivi, tomo a pílula contínua e volto a esperar. Espero pelo dia em que não tenha dores fisicas. Espero pelos resultados da cirurgia da minha avó, que não chegam, para nos elucidar do nosso futuro próximo. Espero que o dia em que não consiga sair da cama de manhã, não chegue. Trabalhar é difícil, fazer as tarefas normais e banais é uma luta, sorrir é cada vez mais raro. Acreditar que vai correr tudo bem e que 2017 vai ser um ano melhor com mais saúde e mais sorte é impossível neste momento.
Espero um dia ter força para ser quem e o que devia ser.

terça-feira, 23 de agosto de 2016

A consulta na IVI, o turbilhão de sentimentos e as saudades da mia

Dia 12 foi dia da consulta na IVI, foi dia de relembrar, ao fim de 5 anos de quase tréguas com a endometriose, que ela está aqui para ficar e não tenciona manter a boa vizinhança.
O dr. Sérgio é um médico acessível, simpático, pragmático, mas também atencioso. Gostámos dele. Após recolher cautelosamente a história médica, e reprodutiva dos dois, e de falar mais em específico sobre as minhas doenças, o Dr. viu com atenção os exames que já fizemos. Explicou-nos então a fisiologia da reprodução e relembrou-nos que um casal saudável, sem qualquer problema tem cerca de 25% de hipótese de engravidar em cada ciclo. Somos os seres mais inférteis de sempre, nós, os tão desenvolvidos e racionais seres humanos.
Depois de nos mostrar as probabilidades de cada técnica de PMA, fomos para a ecografia.
Na ecografia quisto folicular grande à esquerda e endometrioma à direita, pequeno, sem indicação cirúrgica. Enquanto o Dr. dizia, que do meu útero tinha boas notícias, pois a conformação era normal e nem parecia que tinha a adenomiose que tem, eu só pensava here we go again.
Na restante parte da consulta o médico tentou sem êxito acalmar-me, já vi e li demasiado, um erro eu sei. Não ouvi histórias de endometriomas que desaparecem, mas muitas de endometriomas que ficam gigantes que aumentam com a menstruação, quanto mais com tratamentos. O Dr. aconselhou-nos a fazer consulta no inicio do ciclo e partir para IIU se o quisto folicular já tivesse desaparecido. E assim terminou a consulta. Resumindo, hipóteses de IIU não são altas, anti-muleriana não é horrível, mas não é boa, mas para o Dr. Sérgio vale a pena tentar. Tenho um endometrioma, o meu maior medo e pavor. Porquê? Porque os endometriomas diminuem por si só a reserva ovárica, já para não falar de quando têm que ser removidos.
E agora? Chorei durante a viagem toda e o resto da manhã, com pena de mim, com pena do meu marido, infeliz com a minha triste sina, o meu pobre futuro, que triste é sentirmos pena de nós próprios... Tive que enxugar as lágrimas, erguer a custo a cabeça baixa e ir trabalhar. Tive que continuar a viver... Apetecia-me dormir e não acordar mais para este pesadelo que é a minha vida neste momento. Devia procurar ajuda, porque me sinto verdadeiramente em baixo, deprimida talvez seja a palavra. Mas nem para isso parece que sinto força.
O pensamento positivo que tinha vindo a manter, a custo, desde que soubemos o que se passa com a minha avó, a balança que andava a tentar equilibrar, não só se desequilibrou como se partiu em mil pedaços. 
Os meus níveis de energia estão abaixo de zero. Tenho estado com dores em especial do lado do quisto folicular que me causa compressão no útero e na bexiga e sinto-me desconfortável de todas as formas, não havendo medicação que alivie este efeito de compressão.
Estou com spotting desde este sábado, como em todos os ciclos, religiosamente ao dia 22 do ciclo à tarde ele aparece. Nesse dia tive uma festa a que tive mesmo de ir. Neste momento, à minha volta, quem não tem um bebé está grávida. Eu, com um bebé ao colo tive que ouvir um sr do catering a dizer-me estas palavras: é fácil fazer um! Eu sei que me estou a alongar e a divagar e a escrever coisas sem muito sentido, eu sei que o pobre senhor não tem culpa, coitado,  mas pergunto-me o porquê de ter que ouvir isto? De ter que lidar com esta situação? Pergunto-me de forma egoísta, porquê eu? Mais do que nunca, porquê eu? Todas as conversas ao meu redor giram em torno de bébés e fraldas e gravidezes e eu ali no meio seca, vazia, mutilada na alma e com uma pedra dura e fria no lugar onde antes estava um coração mole e afectuoso.
Juntamente a isto a minha avó já tem dia de cirurgia que calha no dia em que devíamos voltar à IVI para fazer consulta de início de ciclo, ver se o quisto folicular já tinha desaparecido e começar preparação para IIU. Mas não dá. 4a feira virá a menstruação e irei começar a minha pílula a ver se os quistos diminuem e vou a consulta com o meu médico de endometriose para saber a opinião dele. Preciso de colocar uma ordem nisto.

Mia, não sei se estás por aí. Percebo, perfeitamente, que te queiras refugiar que queiras paz e tentar pensar noutras coisas noutros assuntos, que queiras recompor-te do extremo sofrimento a que foste sujeita, só quero que saibas que já temos saudades tuas e que te apoiamos sempre em qualquer que seja a tua decisão.


terça-feira, 2 de agosto de 2016

Esta semana #2

Esta semana, foi também semana de vir o sr red. Estamos bem, eu e ele, obrigada por perguntarem, este ciclo foi um ciclo de um outro brufen, lucky me, não estou a ser irónica, endogirls, you know it!!
Não me lembro se já vos mencionei, que estamos proibidos de engravidar, (lol) até me dá vontade de rir... Hum, proibida de engravidar? A sério? Acho que não consigo cumprir essa ordem...Sou fértil como uma coelha... Anyway... 
O endocrinologista explicou que devido ao hipotiroidismo, que possuo na minha estimada colecção de doenças crónicas, não posso engravidar enquanto a TSH, não estiver em valores que rondem os 2 mUI/L e não os 10, que é como está agora. O hipotiroidismo aumenta a probabilidade de abortos no primeiro trimestre, por isso devemos assegurar-nos que os valores hormonais estão dentro dos padrões normais e só aí engravidar (peanuts). Assim sendo, este mês não houve matervita, nem projeffik na segunda metade do ciclo. O matervita já não estava a tomar, pois como diz o endocrinologista : você está descrente. Pois estou. Claro que estou. 
Este ciclo começo a ter spotting ao dia nem sem sei quantos, mas muito antes do 22º dia que é o dia em que espero por ele e com quem partilho casa até ao dia 26, dia esse em que vem juntar-se a mim o sr red, contando assim um maravilhoso e anormalóide ciclo de 25 dias. Então, (deixa cá fazer contas para depois explicar isto na consulta na/no IVI de dia 12 de Agosto) o spotting leve começou dia 17 do ciclo, durou até ao 20º e depois parou. What? Isto nunca me tinha acontecido, foi completamente diferente de todos os spottings do mundo encantado da Dream! E o que é que isto poderia significar na minha cabeça de adolescente esperançosa e acreditadeira que os milagres não são um mito urbano? Era, claramente, uma gravidez! Claramente, estava grávida! Era óbvio, dizia o neurónio Tico ao neurónio Teco, enquanto o Teco dizia ao Tico, que não, não era nada disso, era só mais uma anormalidade no meio de tantas! Eu cá queria era acreditar no Tico, porque estou a ficar farta do Teco! Era um milagre pois, ainda que timidamente acreditado, um enorme milagre no quotidiano desta criatura, que tem levado porrada da vida daquelas de criar bicho! Era tão eu (coff coff), não podia engravidar e pumba, engravidava e corria tudo bem, era uma maravilha, sempre sonhei secretamente em ser aquela pessoa a quem sai aquele maravilhoso jackpot de ir fazer a anti-mulleriana e afinal estava grávida! Não aconteceu. De ir fazer uma ecografia de controlo de endometriose e não é que estava grávida? Não aconteceu. De ir à primeira consulta de infertilidade e não é que estava grávida? Não aconteceu.
E agora, pois claro, também não aconteceu. Não sou pessoa de ganhar o jackpot, está visto. O Teco é que tinha razão, como sempre aliás, e o período lá veio no sábado, a perfazer um rico ciclo de 25 dias.
Todas estas dúvidas vieram alegrar um pouco mais e descansar ainda mais a minha já maravilhosa e paradisíaca semana de férias (not).
Mas isto ainda melhora, anúncios de gravidezes de segundos e terceiros filhos a dar com pau, carrinhos de bébé são mais que pokemons, um nascimento "olha lá a foto" e eu vazia de sentimentos amorosos e calorosos, qual Cruella de Vil.

Quando as únicas pessoas de quem eu queria saber de uma gravidez, não conseguiram, e depois vêm os porquês, o choro, a indignação, o sentimento de injustiça, a tristeza e a dor profunda de saber que não conseguimos alcançar algo que, CARAMBA, é nosso por direito. P$#& de vida!

segunda-feira, 1 de agosto de 2016

Esta semana#1

A semana de férias veio e foi, passou como uma rajada de vento. O lugar ao sol numa praia qualquer, não existiu. Primeiro, porque na última hora o meu marido não pode tirar as férias que estavam, tal como as minhas, marcadas há meses, devido há irresponsabilidade e há falta de ambição e do tal brio profissional que eu tanto prezo, mas que tanta falta faz a alguns. Depois, porque soubemos da doença da minha boneca e não havia cabeça para estar de férias, para ser feliz.
Nesta semana fizemos também um aninho de casados. Bodas de papel. Parabéns a nós, que neste ano já ultrapassámos mais do que alguns casais numa vida inteira. Doenças, a perda de algo muito desejado e o falhanço a cada mês que passa. Não tem sido fácil, mas também não abalou o amor, abalou horas, abalou dias e noites, mas não o amor.
Esta semana não foi boa.
Andava a contar os dias para estar de férias, mesmo ao género de presidiário no final da pena. Faltam 9, faltam 5... mas depois as más noticias, engoliram a minha felicidade, sugaram-ma. 
A falta de saúde, a doença e em particular o cancro assustam-me, fazem-me estremecer, fazem-me sentir a desorganização, a morte, bem perto. Cancro não é morte, claro que não! Mas saber que aquela célula, decidiu naquele dia começar a multiplicar-se de forma desordeira, sem que nada a pudesse travar faz-me sentir uma gota de água no oceano, faz-me sentir frágil, exposta, amedrontada. Saber que nada podemos fazer para travar aquela decisão, daquela célula, naquele momento é mesmo assustador. 
Lidar com esta doença assim, mesmo encostada a nós é difícil, é preciso chorar, deitar cá para fora toda a angústia que de repente nos invade a alma, pensar na perda, sentir um amor tão grande e ver a perda assim tão perto é doloroso, mas é preciso começar a reagir, lutar, acreditar, confiar, pois é tudo o que podemos fazer. O aperto no peito nunca mais saiu, nunca mais foi embora. Aquela sensação de alívio que sentimos quando nada nos sobrecarrega a alma nunca mais senti, vivo aqui com este nó enrolado entre a garganta e o coração e pergunto-me se alguma vez vou voltar a viver sem ele. Talvez não, tenho que arranjar um nome para este nó, parece-me que vamos ser companheiros de vida.

quarta-feira, 27 de julho de 2016

Antes de nascer, ainda no aconchego da barriga da minha mãe, Deus decidiu que ia dar um presente àquela menina! Não era ouro, nem prata, nem bronze. Era uma avó. Era a avó. Então Deus, deu-me um presente mais valioso que o ouro, que a prata e o bronze juntos, Deus deu-me a minha avó.
Naquele tempo o dinheiro não abundava e tive que ficar com ela ainda com meses de vida, os meus pais coitados vinham passar os fins-de-semana comigo, como loucos, cheios de saudades. Eu esperava contente por eles, mas nunca me faltou colo, amor, mimo, carinho, brincadeiras e um ou outro ralhete e palmada no rabo que só bem fizeram. Sempre fomos cúmplices, sei tudo, cada pormenor da vida dela, cada sorriso, cada piscar de olhos. Sem aquelas horas de conversa que tantas vezes tivemos antes de dormir (dormimos juntas até aos meus 12 anos) eu não seria a pessoa que sou, não seria tão rica. Não daria tanto valor ao amor, pois não conheceria a linda história de amor dela e do meu avô, e de como teve a sorte de casar com o único homem que amou, e como teve a maior tristeza da vida quando o perdeu precocemente. Com tanto para viver e com tanto para amar. Ninguém me atende o telefone como ela : então meu amor querido. Tanto mimo. Tanta doçura. Sei que sou o mundo dela, espero que ela saiba que também é muito muito do meu. É a minha boneca. Tem mais de 80 anos, é a pessoa mais activa fisicamente que conheço, a cabeça já não é a mesma, é o resultado da perda, da vida dura e por vezes amarga que teve. Agora, com esta idade, tem cancro. Cancro aos 80. Passar por esta montanha a esta idade, ficar sem o cabelinho, ficar sem uma maminha. Como se explica isto aos 80 anos? Vivem-se tempos tão difíceis, só não queria que ela sofresse, porque já sofreu tanto, a vida já lhe foi tão cruel.
Como se dá estímulo para lutar a uma pessoa na terceira idade com cancro?
Perto dela visto a armadura inatingível de ferro para lhe dar força e esperança. Em casa tenho chorado dia e noite.
Agora com o hipotiroidismo as tentativas para engravidar só podem recomeçar depois dos valores da tiróide estarem ok. Mas vou manter a consulta de 12 de agosto para ver se entro no ciclo das consultas e se consigo engravidar. Sei que era um estímulo muito grande para ela a chegada de um bisneto, mas na vida as coisas não são como nós queremos.
Estou sem dúvida a viver o pior ano da minha vida até ao momento.
Um beijinho para todas

segunda-feira, 18 de julho de 2016

A infertilidade fica para segundo plano quando

...descobrimos que uma das pessoas mais queridas da vida, do mundo tem um nódulo na mama.
Vou andar afastada daqui,da infertilidade. Estou em piloto automático. Não sei como reagir,parece um pesadelo,mas nunca acordo dele.
Tenho que crescer mais um bocadinho, depressa.
Mesmo assim quero dar-lhe a alegria de poder pegar um bisneto ao colo, por isso não vamos desistir das consultas.
Estou a torcer por todas vós e irei continuar a acompanhar-vos

sexta-feira, 15 de julho de 2016

Nice

O que aconteceu ontem em Nice é uma coisa tão triste, tão traumática, tão assustadora. É o começarmos a sentir medo de tudo e de todas. É tirarem-nos a nossa liberdade. O nosso sentimento de segurança e estabilidade.
É terror.

As minhas preces estão com as famílias das vítimas a quem a vida, e a vida conforme a conheciam foi roubada.

domingo, 10 de julho de 2016

The hubbie

O meu marido...
Pobre marido o que ele me atura.
Atura-me o choro, a fragilidade, a tristeza.
Atura-me a raiva, os porquês, atura-me a frieza e o falso pragmatismo.
Atura quando me queixo de tudo e mais alguma coisa.
Atura a minha falta de paciência.
Atura as minhas consultas, os meus exames, e o drama que os sucede.
Faz os seus próprios exames, constrangedores, desconfortáveis.
É o meu sócio lá em casa, faz o mesmo que eu, sem esperar que lhe agradeça, porque sabe que somos uma equipa.

E não reclama, não resmunga, nem me põe em causa uma única vez, gabo-lhe a paciência

O meu marido é o melhor marido do mundo, é a minha sorte grande, é tudo de bom nesta vida e eu sou a mulher com mais sorte do mundo, e ás vezes, muitas vezes, não me comporto como tal. 
Desculpa marido, vou  melhorar esta atitude e este feitiozinho insuportável, vou tentar ter mais calma, ser mais paciente, vou tenta viver ao invés de andar sempre triste e embirrante tipo"aborrecente" no auge dos auges. Vou sobretudo lembrar-me que isto não é só um problema meu, não sou só eu que ando triste por não conseguirmos ter um filho, tu andas tão ou mais triste do que eu e ás vezes esqueço-me disso. Na realidade tento esquecer-me, pois saber que eu sou o motivo dessa tristeza é um pouco mais do que consigo suportar.

Sem ti, viver isto tudo era mesmo impossível
Amo-te*

sábado, 9 de julho de 2016

Tantas vezes :)


Infertilidade #2

Podemos escrever e falar muito sobre infertilidade, esse aliás foi um dos objectivos, quando criei o blogue. Exorcizar e escrever sem medos, sem vergonhas e sem filtros o que me vai na alma. Tentar apaziguar esta dor que é tão forte, que é tão feia, que não sobra vontade de a partilhar com ninguém cara a cara, olho no olho, pois não quero pena e sei que não iria encontrar identificação e verdadeira compreensão. Esta dor sem beleza que vai endurecendo a alma, o espírito, as emoções, a pele e as feições. A dor da perda sem ter perdido, a dor da falta sem ter tido, a dor do amor que já se sente, mas que não se pode dar.

Podemos dar graças, todos os dia,s pelo que temos de bom nas nossas vidas, podemos e devemos. Mais, é a nossa obrigação agradecer por estar vivos, por amar, por ser amados, por ter presente nas nossas vidas os que amamos, por eles terem saúde, pelo sol brilhar, pelo mar ser azul, por existirmos. 

Temos o dever de acordar e dar graças a Deus, ou aos Deuses, ou ao céu, ao mar, ou a todos ou a nada. Ainda assim, esta dor não desaparece, não vai embora, tentamos mascará-la, escondê-la, colocá-la lá no fundo da gaveta, mas ela teima em estar lá, sempre a pairar. E ganha força em certos momentos, em momentos em que não devia mesmo aparecer. São momentos em que me sinto mesquinha e realmente triste não só com as circunstâncias que atravesso, mas também comigo mesma. Uma grávida, um carrinho de bébé. Porquê eu? Porque fui eu a escolhida?

Mas a infertilidade não é só uma coisa má. Devido à infertilidade e ao blogue, que surgiu por acréscimo, entraram na minha vida pessoas excepcionais, lutadoras, guerreiras à séria, mas também frágeis, humanas, sensíveis e que sem dúvida me percebem melhor do que qualquer pessoa, e  que não mereciam estar neste caminho. Estão a viver, a experienciar momentos muito semelhantes ao meus e sinto e sofro por elas, como sinto e sofro com a minha infertilidade. 
Acompanhamos resultados, momentos, tratamentos, festejamos, sofremos, ansiamos e choramos juntas, mesmo que distantes. Apoiamo-nos umas ás outras, como se nos conhecêssemos há anos e isso não é feio e mesquinho, é o lado bonito da infertilidade. Nunca pensei que existisse este lado, mas existe mesmo! Saber da gravidez de uma delas é uma lufada de ar fresco, é um dia bom, é um dia feliz, é esperança e força renovada. É sonho palpável, verdadeiro, mais próximo, mais perto.
Minhas queridas, estou sempre a torcer por vocês e quero agradecer-vos por estarem aí, pois sem vós estar nesta luta não seria impossível, pois o que nos move é imenso, mas seria mesmo muito mais difícil. 
Go girls! Praying for us*

quinta-feira, 7 de julho de 2016

As temíveis análises

Pois é
Desde que comecei a tentar engravidar, sabendo que tinha endometriose e já tendo sido operada a endometriomas nos dois ovários, que uma das coisas que mais temia era ter que fazer a anti-mulleriana. Costumava dizer que "tinham que me sedar", para esperar pelos resultados, cheguei a dizer isto ao Dr. Setúbal, ele deve pensar que sou maluquinha, também não se engana muito :D!
Voltando à dita! Sabia o que ela significava, sabia que era uma análise, que não sendo Deus a falar, pode querer dizer tudo, é certo que também pode não querer dizer nada.Um valor de 0,1 para mim seria assustador, como para qualquer pessoa.
No dia 28 de Junho fui fazer a bendita e estive sempre de coração nas mãos até saber o veredito. O grande objectivo para mim era ter um valor superior a 0,5.
O número mágico foi 1,6 ng/mL. Fiquei muito muito contente, ás tantas chego à IVI e dizem que é uma valente trampa, mas na ótica do utilizador,1,6 já deve dar para ter esperança num ou noutro ovócito jeitoso.
Mas, como nem tudo é bom, nem tudo é mau! Descobri nestas análises que que devo ter tiroidite de Hashimoto, uma das causas de hipotiroidismo e brevemente vou ao endocrinologista.
De Dezembro para cá, apanhei toxoplasmose e neste momento já estou imune, ou seja, mesmo que tivesse engravidado, poderia ter que abortar, não sei, mas teria sido muito complicado. Em Dezembro não era imune e agora já sou. Ás vezes Deus escreve mesmo por linhas tortas! Pelo menos, tento acreditar que sim.
Outra boa notícia é que o marido já fez espermograma e está impecável.

Enfim, estou a começar mais um ciclo, com dores e TPM ao rubro e aguardo pacientemente pela consulta de dia 12 de Agosto. Estou um pouco mais tranquila, com mais força e mais esperança no futuro. Mas continuo muito receosa e sem conseguir acreditar que um dia serei mamã, continuo sem acreditar que um dia conseguirei realizar o meu sonho.
Baby steps

quinta-feira, 30 de junho de 2016

Hoje ligaram do laboratório para que eu fizesse a transferência do valor das analises, não sei porque não pudemos pagar logo, fazia muito mais sentido. A senhora disse que já tinha enviado email, pensei que tivesse enviado também as analises.
Posso dizer-vos que entrei em pânico. O coração a bater muito muito rápido, as mãos a tremer, senti-me mal. Senti que ia desmaiar, foi horrível. E estava no trabalho. Não posso partilhar com ninguém. Está a ser difícil.

terça-feira, 28 de junho de 2016

segunda-feira, 27 de junho de 2016

Ver a fotografia de um recém nascido

Dá-me tanta vontade de chorar. É tão lindo tão perfeito. É um milagre tão tão grande. É a perfeição da natureza em estado puro. Como é possível haver algo tão maravilhoso?
Ao mesmo tempo sinto uma dor, um aperto no peito.
Que seja muito feliz, que tenha toda a saúde e toda a paz deste mundo.

Amanhã é o dia D

Depois de falar com algumas meninas seguidas na ivi ,percebi que fazem análises na germano de sousa. Como tenho que ir a trabalho amanhã a Lisboa, a um local que calha em ser perto de um dos pontos de colheita, lá vou eu.
Confesso que hoje estou a panicar e ainda por cima amanhã vou ter um dia que vai parecer não ter fim. Já andei aqui na net à procura de um excelente motivo para não ir, mas não encontro. O dia do ciclo amanhã , estive agora aqui a contar para escrever aqui, é dia 21. E pronto, segundo os artigos não há problema nenhum, qualquer dia do ciclo é um bom dia para fazer a boa da AMH. Ai que medo! Não sei se não vou fugir com o braço à seringa!!

domingo, 26 de junho de 2016

E é tão isto




"Imagino os teus primeiros passos, a falta de horas de sono que teremos quando os teus dentes começarem a nascer, e ouvir a palavra “mamã” a sair dos teus lábios. Pergunto-me qual será o teu livro preferido, as músicas que te ouvirei cantar no banho antes de ires para a escola, e o quão alto eu celebraria a tua primeira conquista. Irei alguma vez ver-te vestida como uma princesa para o baile de finalistas? Ter batalhas verbais contigo sobre a hora de deitar, o teu primeiro amor e as tuas notas? Terei a possibilidade de dizer-te adeus quando entrares para a universidade, fazer-te a continência quando deixares o teu país para o proteger ou começares uma carreira para ajudares outros neste mundo pertubado?
Infelizmente, nenhum destes eventos pode vir a acontecer. Apenas sabe que não deixarei de desejar ter-te na minha vida. Continuarei a trabalhar para ser o exemplo que gostaria que o meu filho visse. (...) Querido filho, sou uma lutadora contra tudo aquilo que pode ser uma força contra nós, porque desistir significa nunca te ver.
Há momentos que sinto não ter mais forças para lutar. (...) Sinto angústia quando vou a eventos de bebés dos meus colegas de trabalho, e sinto-me vazia no segundo domingo de maio de cada ano que passa. Dedico tempo a ter pena de mim própria pensando que poderei nunca ter-te nos meus braços, mas não me afundo em lamúrias. Sentir-me impotente não resolve nada. Abraço os momentos de solidão, solto lágrimas, e depois foco-me em ti mais uma vez. A maneira mais fácil de sair desta situação é fazer a cirurgia “final” e pensar apenas no alívio. Não o farei. Não posso. Luto por ti."
http://mulherendo.pt/filho-posso-nao-ter-causa-da-endometriose/
...<3 ...

terça-feira, 21 de junho de 2016

E a doação de gâmetas?

Qual a vossa opinião?  Consideram alguma vez recorrer a esta alternativa? E contariam à criança? Conseguiam viver com essa omissão?
Tenho pensado muito nisto ultimamente. Preciso,  lá está, de estar preparada para esta sugestão, nomeadamente doação de ovocitos. Just me being me.
Na verdade, não li o que é preciso ler nem pesquisei o que é preciso pesquisar para ter uma opinião plenamente formada e fundamentada sobre este assunto, no entanto o que penso é um pouco controverso. Se por um lado acho que é impossível viver com um "segredo " destes, acho também que é muito difícil contar a verdade. Quando somos pais queremos proteger os nossos príncipes e princesas de tudo o que os faça sofrer. Claro que nunca se consegue, mas acho que explicar isto a uma criança é tão complicado e pode gerar tantas questões nas suas cabecinhas.
Para mim a doação de gametas ainda é um bicho de sete cabeças... Mas atenção sou 100% a favor e dou gracas por termos esta ajuda tão tão preciosa da ciência ao nosso alcance.
Os dias passam, os carrinhos de bebé proliferam cono coelhos, todas as pessoas falam dos filhos e toda a alma pergunta porque é que não arranjamos um primo, sobrinho, neto ou um amiguinho.... Qualquer dia é dia de eu responder: sou infértil. Não posso ter filhos. Sei que as pessoas não fazem por mal, mas eu também não tenho culpa.
Gostava de ter um botãozinho on/off. Deviamos todos nascer com este botão para ligar ou desligar a vontade de ter filhos. Era uma maravilha. Desligava o botão nao tinha necessidade de dar amor a um bebé, de o ver crescer, de cuidar e deixar voar e pronto era tudo mais fácil.
Este mês a endometriose não tem dado tréguas. Continuo a ter pseudo ovulações ao dia 11 do ciclo, o que é uma anormalidade e que provavelmente quer dizer que os meus ovinhos são uma valente trampa. E dores que tenho tido. O que me faz temer que ela esteja de volta com endonetriomas nos ovários pois é aí que são piores as dores nestes ovários encarquilhados. Ontem para dormir foi um suplício tais eram as dores. Mesmo fortes. Fiz ecografia há 4 meses mas tenho que ir fazer outra em breve. Enfim farta desta vidinha que é controlada pelo meu sistema reprodutor.

sexta-feira, 17 de junho de 2016

Ai meninas endoguerreiras não me devia por a ler artigos científicos sobre a nossa doença...

quinta-feira, 16 de junho de 2016

Mais uma bolachada

Ontem liguei novamente para os Lusíadas... Queria marcar o espermograma decidida de que independentemente da data que me dessem tinha que ir. 
No mês de Junho começam as férias de toda a gente, no meu trabalho, e no trabalho da maioria dos portugueses. Não posso tirar nenhum dia de férias além dos 10 dias inicialmente marcados, em Maio, até Setembro é assim. Posso tentar encaixar alguma coisa, mas como já estamos desfalcados porque alguém está sempre de férias é muito complicado e, se surgem imprevistos é, simplesmente, impossível encaixar. Não é o ideal, mas é o meu trabalho, faço o quê? Despeço-me? Não tenho pai-trocínio, não vivo de rendimentos, trabalho, e é com esse dinheiro que como e que vou a consultas e, é com esse dinheiro que pagarei tratamentos. Depois, tenho uma ética de trabalho muito forte que, felizmente, para os meus directores, me foi incutida pelos meus pais. É-me difícil deixar as outras pessoas na mão, quando falamos de assuntos que podem ser adiáveis, quando falamos de assuntos que não são de vida ou de morte. É-me extremamente difícil saber que por uma coisa minha, relativamente adiável, poderão ter que fechar, durante essas horas, uma porta. Não acho justo, chamem-me o que quiserem, digam-me que não mereço ser mãe, por não achar justo fazer isto ás pessoas que me pagam, certinho, todos os meses e que me permitem por o pão na mesa. E mais uma vez falo, digo, que se isto fosse uma consulta importante, uma punção, uma transferência ou uma gravidez de risco, ou seja, um assunto de vida ou morte eu queria lá saber da minha ética de trabalho. Mas, realizar umas análises e fazer um espermograma cujos resultados só me vão ser úteis a meio de Agosto, não é um assunto de vida ou morte, tenho prioridades sim, e neste caso o trabalho ganha.
Bom, que introdução para dizer que a sra. enfermeira que me atendeu na extensão queria ralhar comigo e dar-me um raspanete, porque já tinha marcado e desmarcado muitas vezes, e que melhor dos melhores, não tinha avisado. E percebi, clarissimamente, que esta senhora está habituada a este tipo de atitude, devendo ouvir do outro lado algo como: oh sra. enfermeira, peço imensa desculpa. Pois claro! É já a seguir! Desculpe? 
Em primeiro lugar, a primeira vez que marcámos, arranjámos data e hora, ia ser uma correria, mas ambos podíamos, ligaram passado uma semana a desmarcar, o meu marido não quis perder vez, mas lá está coitado, marcou para um dia onde já tínhamos no meu trabalho duas pessoas a menos, ou seja era impossível, passado 1-2h de ligarem ao meu marido eu liguei, pedi desculpa e expliquei o acima escrito e marquei novamente, isto com 1-2 semanas de espaço até à marcação propriamente dita. Houve uma  única vez que na realidade desmarquei, com cerca de 24 de antecedência e a senhora diz-me que não, que nunca ninguém nem eu desmarquei nada. Que estava tudo marcado e preparado, e que nós não aparecíamos. Se isto não é brincar é o quê? Mesmo que eu tivesse marcado e remarcado 100 vezes acham mesmo que aquela senhora tem que me dar raspanetes? Já agora. Mas, andamos todos doidos? Então, uma enfermeira responsável de PMA, negócio de milhares, pode mesmo dizer isto a uma paciente? Então, mas eu agora ia meter embriões e ovócitos e espermatozóides, ou seja que material genético for, nas mãos de uma criatura, que por lhe estar a correr mal o dia vem gritar com uma pessoa, que está a fazer uma marcação? Pode fazer isto? É profissional? É normal? É ético? Claro que enviei reclamação por escrito para o hospital, é o minimo que posso fazer. Jamais pousarei, novamente, as minhas patinhas na PMA dos Lusíadas, mas que sirva para ajudar o próximo, ou que não sirva para nada, fiz a minha parte.
O que me deixa mais triste, além destas pessoas acharem que podem descarregar nos outros que os outros se acanham e se baixam, é que esta senhora o faz a pessoas, profundamente, fragilizadas, com auto-estimas abaixo de zero por toda a porrada que têm levado da vida, pessoas que depois de falarem com "profissionais" destes se sentem um bocadinho menores, um bocadinho mais em baixo e um bocadinho mais frágeis.
A senhora chegou a dizer-me que eu estava a ser mal educada. Mal educada, por expôr e tentar explicar a situação? Mal educada por não me calar? Mal educada por tentar falar, coisa que não me deixava porque gritava, obrigando-me a levantar a voz?
O marido tem uma requisição passada pelo Dr. AS, para fazer espermograma no Cemeare e é lá que vai fazer, eu a conselho da Mikas talvez vá a um dos laboratórios Joaquim Chaves, há alguns mais próximos da minha área de residência, ou talvez vá a um euromedic qualquer depois na IVI se quiserem que me mandem a outro lado.
É uma tristeza o que se passa até na saúde no privado neste país.
   

quarta-feira, 15 de junho de 2016

Por esta altura

Por esta altura gostava de estar a escolher carrinhos, a comparar marcas e preços, a ver berços e a escolher papel de parede! A combinar tecidos a encontrar aquela almofada, aquela chucha, já para não falar em roupinhas e outras fofices. Já estaria nas últimas páginas do "Grande Livro da Grávida", a escrever as últimas notas no meu diário da gravidez e ansiosa para o/a conhecer. Já teria lido 800 livros de puericultura e de teorias e correntes educacionais, para me tentar preparar, o  melhor possível, para o impreparável! Não sei se estaria mais feliz, nunca sabemos o que a vida nos reserva, umas coisas correm bem outras correm mal. 
Consegui perder a esperança numa gravidez natural e focar-me na consulta de Agosto, acho isso positivo, porque viver em ansiedade constante não é bom nem para nós, nem para os que nos rodeiam.
Ainda hoje, pensava que tanta gente nesta altura programa as suas férias, o descanso dos guerreiros que trabalham de manhã à noite, para durante, pelo menos uma semana por ano, serem reis. Nesta altura lembro-me de várias coisas. Lembro-me, que tirando a infertilidade e a endometriose, não me posso queixar e é preciso valorizar e relembrar isso. Nem tudo é mau. Temos saúde, vivo bem com a minha doença crónica, em termos físicos. Tenho "dor" pélvica crónica (moinhas crónicas será a melhor palavra dor parece-me exagerado) sim, tenho uma semana por mês "piorzita", mas já "aprendi" (tantas aspas meu Deus!) a viver com ela. Amo e sou amada pelo meu rico maridinho, a luz da minha vida e pelas nossas famílias, temosuma casa, temos um trabalho, não somos ricos, nada disso, mas não vivemos com dificuldades e nos tempos que correm isso é uma benção. Ah! E temos a nossa cadela, a nossa querida cadelinha :)!
Claro que gostaria de neste momento estar a planear as minhas férias de dolce far niente, porque sim, porque merecemos, porque trabalhamos muito, porque não tenho vícios e porque viajar é a única coisa, exceptuando a saúde, onde acho que o dinheiro é mesmo bem gasto. Disse que não tenho vícios? Tenho sim! É viajar! Mas, com a infertilidade a bater à porta, mais vale fundar os viajólicos anónimos, que agora todos os fundos são para tentar realizar o sonho de ser pais!
Acredito em Deus, tenho a minha fé, em especial em Nossa Senhora de Fátima, por isso o último ciclo negativo me doeu ainda mais fundo, só chorava, era mês de mãe, mês de Maria, doeu muito não receber essa graça. Ás vezes, não percebo quais são os Seus desígnios porque é que casais com tanto amor e estabilidade, não digo financeira, digo emocional, são inférteis e casais tão desestabilizados procriam como coelhos. Não são coisas para os comuns mortais, como eu, perceberem. São questões que se levantam na minha molécula já um pouco frita ... 
Ah mas a luz do Verão, o calor do sol a bater na pele, e o cheiro a mar e a protetor solar ninguém me tira, vantagens de viver no litoral!

terça-feira, 7 de junho de 2016

24 horas depois de parar o progeffik o spotting está cá para anunciar a chegada da menstruação. É esperado após um teste negativo, é sabido, é assim, é a vida, é o fechar de um ciclo, mas porque é que tem que doer tanto?
Oh vida....

Eu

Tive uma infância dita feliz, no secundário fui vitima de bulling. Tive um depressão, tomei anti-depressivos e fiz psicoterapia. A depressão resolveu-se, mas eu nunca mais fui eu. Não sou um pessoa infeliz, sou feliz à minha maneira, mas nunca mais fui ALEGRE, sorridente, bem disposta. Fiquei sempre com medos. De quê? De tudo. Comecei a ter muita dificuldade em lidar com adversidades, com os problemas banais do dia a dia, fiquei sempre muito muito ansiosa desde aí e assim continuo. Com medo de ter comportamentos inadequados e desajustados socialmente. É difícil para mim chegar perante um grupo enorme de pessoas e ser o centro das atenções, por três segundos, sinto-me inadequada, sinto-me inferior aos outros. Tímida sempre fui, mas não é só isso, é mais qualquer coisa, além desta timidez é este complexo de inferioridade, acho que tudo o que faço socialmente é inadequado. Isto sou eu, sem capas e sem filtros. No meu local de trabalho, sou stressada sim, mas extrovertida e bem disposta, digamos que é a minha personagem, a minha máscara. Em casa, com os meus, não sou nenhuma carpideira, gosto de fazer as minhas piadas, mas não sou de me rir ás gargalhadas, não sou ALEGRE. A pergunta:  O que é que tens? Porque é que estás sempre triste? É frequente. Essa sou eu, não tenho como ser outra pessoa, sou eu há 15 anos, não consigo mudar, ser diferente, por mais que tente. Estou sempre apreensiva, sou pensativa, introspectiva, falo muito menos do que observo. Desabafo pouco, não gosto de preocupar os outros com as minhas coisas, se algo não corre bem grito e esperneio, mas não me vitimizo, perante os meus pais, marido, avós, faço sempre papel de durona, claro que também choro e me fragilizo, mas tento fazê-lo o mínimo possível.
Esta sou eu.

Encontrei o meu marido por quem me apaixonei quase à primeira vista, adorei tudo nele, ele demorou um pouco mais a ver por trás da minha capa, mas apaixoná-mo-nos os dois e começámos a nossa história. Um mês e meio depois de começarmos a namorar descubro que tenho endometriose. Tudo na minha vida é assim, acho que na vida de muita gente. Nunca pode ser tudo bom, tem que haver sempre alguma coisa a borrar a pintura, a vida é mesmo assim. A felicidade são momentos.
Claro que lhe pedi para me deixar, que eu não era mulher não era nada, eu sabia o que era endometriose, eu não tinha qualidade de vida, é certo, mas também SABIA o que era endometriose pelo prisma da infertilidade. Como disse namorávamos há um mês e meio, ele podia perfeitamente ter seguido em frente, mas é demasiado Homem, com H mesmo grande, para isso. A endometriose esteve presente em todo o namoro e noivado. Ele esteve sempre ao meu lado, consultas, ecografias, cirurgia, sempre.
Passados 4 anos de namoro casámos, foi um dia muito feliz. Dois meses depois de casados começámos as tentativas e já passámos pela grande desilusão de perder uma gravidez, um filho muito desejado e amado pelos dois. Desde aí passámos por mais nem sei já quantos ciclos, de esperança e desilusão, de impotência perante tamanha adversidade.
Já chorou muitas vezes comigo e por mim. Já aguentou demasiadas neuras. Tenho-me tornado um pouco, amarga, ácida até mesmo corrosiva. Ás vezes o meu subconsciente convence-se que o melhor seria ele deixar-me (não consigo escrever isto sem que as lágrimas me corram cara abaixo) ele seria muito mais feliz, poderia ser pai como todos os amigos dele, podia realizar esse sonho e o sonho dos pais dele de serem avós, poderia realizar imensos sonhos, e talvez tivesse a sorte de ter uma mulher alegre, divertida e bem disposta ao seu lado que o amasse como eu o amo, mas que não fosse encucada como eu sou, com as minhas coisas, que fosse fértil em todas as acepções da palavra.
Ás vezes o meu subconsciente quer que eu o afaste de mim, para o proteger.

Mais um mês destes castelos construídos e desmoronados se passou, este mês pela primeira vez, desde Dezembro, sem spotting, o que como disse foi uma boa notícia. Fez-se um teste de gravidez, negativo.
Por casa esgotaram-se os testes de ovulação e não vou comprar mais. O espermograma e as minhas análises estão também marcadas. Sinto-me a desistir, olho para o espelho ele diz-me tu não vais ser mãe, nem toda a gente pode ser mãe e tu não vais ser. Sinto-me fraca e sem forças sem esperança e sem vontade de viver. Sim, porque nos últimos 7 meses não tenho vivido, tenho sobrevivido a perdas, a spottings e a negativos, tenho sobrevivido à endometriose e à infertilidade.
Não, não sou uma pessoa alegre e resplandecente mas também não sou esta pessoa que tenho sido nos últimos sete meses, uma pessoa que só pensa em  ter bebés que é a única coisa que não consegue, uma pessoa que sente inveja de toda a grávida e todo o carrinho de bebé que se cruza no seu caminho, como se tivessem mais sorte do que eu. Como posso eu pensar isto? Sei lá qual a história dessas pessoas, sei lá o que aquela pessoa já passou? Quem sou eu para dizer quem tem mais sorte e quem não tem? Que pessoa é esta? Que ser humano é este? Tenho outros sonhos, quero viajar, relaxar, conhecer o mundo, por quanto tempo mais poderei ficar presa nesta teia? E para quê? Será que vale mesmo a pena? Sinto-me cansada e sem força para lutar, para ACREDITAR, para pensar positivo, para pensar que uma fertilização in vitro me vá realmente conceder alguma coisa. Neste momento não acredito em nada. O chegar ao fim de cada ciclo vazia, está a dar cabo dos últimos pedacinhos de mim. Vou fazer as benditas análises que estão marcadas e depois vou começar a tomar a gynera novamente, porque não aguento mais.O que tiver que ser será, o que sei é que tenho deixar de sobreviver e começar a viver.

sábado, 4 de junho de 2016

Living without spotting

Depois de 6 meses assombrada pelo spotting 11 dias depois da ovulação, parece que a nova via de administração do progeffik está a resultar!
Não estou grávida, é pouco, mas para mim já são notícias excelentes!

sexta-feira, 3 de junho de 2016

Boas notícias !!!!!

E hoje soube de uma menina com endometriose  que engravidou com Inseminação Artificial!
Neste momento sei de duas endoguerreiras que estão grávidas uma através de FIV e outra através de IA!
Yuppi ☺☺☺☺☺☺

Tenho que arranjar maneira de isto não dominar a minha vida!

Ando o ciclo todo bem disposta. A partir de dia 20-21 começa o stress (ciclos 25-27 dias com spotting que visita 4 dias antes)! Cada vez que vou a casa de banho será que é agora que vou começar com hemorragia? Será que isto, será que aquilo! Aiiiiiiii! Ás vezes acho que isto me vai enlouquecer, que vou fritar a molécula!

terça-feira, 31 de maio de 2016

Dia 19 ciclo natural

Cá vou eu ao dia 19 do ciclo. Tenho que arranjar uma manhã para ir a Lisboa tirar sangue para as temíveis análises. É que por causa do kit da anti-mulleriana tenho mesmo que ir a Lisboa, não pode ser em qualquer laboratório. Mas nessa mesma manhã o marido tem que fazer espermograma então tenho que conjugar isto tudo mais o trabalho. Tão bom!
Este ciclo não há esperança  (mentira há sempre uma pequenininha) não há tensão mamária, nadinha. O médico dos Lusiadas disse para comecar a colocar a progesterona via vaginal e não oral pirque faz mais efeito. Como tenho spotting intratável lá acedi. Mas não sei se resultará aquilo parece que sai tudo!!! Também acontece convosco??

domingo, 29 de maio de 2016

Quatro

Sendo filha única, quando era miúda e até mesmo na Universidade dizia sempre que queria ter 4 filhos: Maria, Constança, Salvador e Eduardo ☺! Imaginava-os aos quatro tão giros a brincar na praia e eu orgulhosamente supervisionava aquelas delícias. Esta vida gosta mesmo de nos pregar partidas! Hoje em dia era tão feliz se a vida me desse um único presente delicioso destes!☺

quarta-feira, 25 de maio de 2016

Ter endometriose é um espectáculo

Para começar dói que é um primor. Dores do melhor diárias ou em determinadas alturas do mês. Existem mulheres com disquezia, disúria, dispaurenia uma série de "dis" cada um mais simpático que o outro. Ou seja existem mulheres e,algumas aqui tão perto, a quem a endometriose tira a qualidade de vida por completo, rouba a alegria de viver. Pior, a dor menstrual é altamente desvalorizada pela sociedade afinal se todas as mulheres têm a menstruaçao porque é que tu és tão sensivelzinha afinal?
Depois vem a questão da infertilidade em que a endometriose é especialmente extra fixe e porquê? Porque podes ter "só" endometriose superficial e ser extremamente dificil engravidar, por razões que nem os médicos sabem explicar a 100%, podes ainda possuir uns ovários do catano todos bonitinhos mas teres o útero todo lixado com adenomiose e ainda, porque com esta fofinha não há duas sem três, podes ter um útero interessante mas teres os ovários iguais aos da dona Miquelina da merceatia que já tem 14 netos e três bisnetos. E já me esquecia as trompas essas grandes queridas que também podem ficar todas desgracadas... e o maior risco de aborto e de gravidez ectópica.
Mas não se preocupem é uma doença benigna!
Mas tentem, relaxem que logo conseguem, dêem tempo ao tempo. Pois que não podemos! Nao podemos dar tempo ao tempo, não podemos relaxar senão a endometriose encaixa! Faz uma party aqui dentro e é vê-la a proliferar com nódulos e quistos, não nos vamos esquecer que existem pessoas sem rins a funcionar, colostomizadas, com endometriose pulmonar e etc... Mas não se preocupem é uma doença benigna e eu logo à noite até ponho as perninhas para cima e tomo um valdispert que é tiro e queda!
Enfim.
Deus deu-nos esta missão, se nos deu havemos de ser fortes o suficiente para a vencer. Porquê esta missão?  Passava muito bem sem ela não fazia falta nenhuma. Mas somos endoguerreiras. É para a frente que vamos! Por um filho vamos até ao fim do mundo mas poupem-me ao menos a concelhos iluminados que isso não me ajuda nada!

terça-feira, 24 de maio de 2016

Da consulta

Tivemos consulta hoje nos Lusiadas com o Dr. António Neves, simpático e pronto a esclarecer as minhas duvidas. Não disse para ir de férias que o problema se resolvia, o que já é bom. Trouxemos para casa uma serie de analises para fazer e espermograma para o marido. Vamos ver qual será o próximo passo, tudo depende dos resultados. Para já não vou fazer histerosalpingrafia porque em 2011, na cirurgia, as trompas estavam permeáveis. Era um exame que não me apetecia nada fazer, mas acho que devia. Uma das análises que vou fazer é a minha psicótica : AMH, vou ter que andar uns dias a ansiolíticos lol. Mas pronto, como disse o médico temos que encarar as coisas de frente. As meninas das várias recepções dos Lusíadas são extremamente simpáticas ao contrário das do hospital da Luz.
Como ainda não estamos a tentar há um ano o doutor diz que o nosso próximo passo no caminho da infertilidade depende do resultado do espermograma e da AMH só aí saberemos se continuamos mas tentativas até fazer um ano, se fazemos inseminação ou fiv. De qualquer das formas também tenho consulta marcada na ivi em agosto... Um dia de cada vez.

segunda-feira, 23 de maio de 2016

Enquanto esperamos

Teste de ovulação positivo! Vamos aos treinos 😝

Amanhã

Amanhã vamos ao médico e ontem tive mesmo que tomar um ansiolítico. 
Começo a ficar extremamente ansiosa, um aperto no peito, a garganta a fechar, a respiração acelerada, palpitações, parece que vou explodir. Já pensei seriamente em marcar uma consulta de psicologia ou psiquiatria, não sei, algo que me possa ajudar com esta ansiedade que tende a consumir-me em dias destes, mas falta-me a disponibilidade física e emocional para o fazer. Quero resolver as coisas por mim, mas depois não consigo, e fico assim meio sem sal, não sei como o desgraçado do marido aguenta.
O que me assusta nesta consulta e que já sei de antemão que vai acontecer é que o médico vai mandar fazer uma porrada de exames, e eu detesto fazer exames, depois para mim, nunca é demais falar de nomes como o fsh e a anti-mulleriana. Tenho muito medo que o fsh esteja alto que a anti-mulleriana esteja baixa. Falar da anti-mulleriana...o marido não percebe ou parece não querer perceber, ou não quer dar demasiada atenção para não me incentivar a stressar. É que se a anti-mulleriana estiver a 0,1 o sonho termina aqui, não vou ser mãe biológica. Ponto. E vamos lá a ver, por mais que uma pessoa seja forte e bem resolvida isto é algo muito difícil de ouvir. Infelizmente já várias mulheres, até mais novas do que eu, passaram por este pesadelo, por este horror, por esta dor. Algumas recorreram à doação de ovócitos, outras pararam por aqui e adoptaram ou realmente aprenderam a viver sem filhos com mais o menos dor associada. Mas não me imagino no lugar destas mulheres, não me vejo com estofo para isso, é demasiado difícil, preciso escrever sobre isto, preciso exorcisar.
E como eu sou eu preciso prever o pior cenário, para seguir em frente, mas este cenário realmente não consigo considerar, não me imagino a receber um resultado destes e a seguir ir trabalhar e enfrentar o mundo, porque é como se uma parte de nós morresse, secasse para todo o sempre, é a morte do maior sonho da minha vida. Ao fim ao cabo é a morte de um filho que não existe fisicamente, mas que é já tão tão amado, tão sonhado. Como se reage a uma coisa destas? 
Estamos a viver esta caminhada sozinhos (e convosco), apenas o casal, mais ninguém sabe. Ninguém faz ideia que vamos entrar nas consultas de infertilidade, e do que vou enfrentar, de modo que não posso falar isto com mais ninguém, não posso pedir colo a ninguém sem ser ao pobre do marido que teve o azar de ser eu a calhar-lhe na rifa.

Posso escrever e escrever mas nada alivia o meu sofrimento e a ansiedade que sinto nesta incerteza, que tem sido a nossa vida nestes dias, nestas semanas, nestes meses, nestes anos, até, desde que sei que tenho endometriose. Queria ser mais forte, vejo histórias como a da Susana Pina e da Marta Casal que também tem endometriose, e arrepio-me até aos ossos. Que força, que coragem, e eu sou só um ratinho ao pé delas e já me sinto assim.

Maldita doença, maldita endometriose, gatuna, ladra de sonhos e alegrias, ladra de vidas. Como te odeio endometriose. Maldita infertilidade. Roubem-me tudo, mas não me tirem o meu sonho de ser mamã.

Significado de infertilidade e estado de espírito

Infertilidade, propriedade do que é infértil. Infértil, que não é fértil nem produtivo.
Que é incapaz de procriarinfecundo, que não  frutosinfrutíferoimprodutivo:
que tende a não produzir; que não consegue produzir o resultado esperado.

Inútil. 


terça-feira, 17 de maio de 2016

A primeira consulta de infertilidade

Quando em Setembro começámos a tentar uma gravidez, nunca, verdadeiramente, acreditei que conseguiria uma gravidez natural. O meu pessimismo não ajuda, claro está, e a minha endometriose ajuda menos ainda. Mas fomos à luta, fomos para a guerra, havia, não vou mentir, uma réstia de esperança que as coisas acontecessem naturalmente. 
Vejo a gravidez, a gestação de um bébé saudável, como um milagre, uma dádiva tão grande, que, para ser honesta não me vejo digna de tamanho milagre, não sei se me entendem, mas é algo que eu quero tanto e tão bom que parece que não me vai acontecer nunca.
 A minha cabeça é um bocadinho complicada. Tento acreditar e "afastar" estes "demónios" que não ajudam nada, nem ninguém, mas não é uma tarefa muito fácil para mim, negativa, fatalista, pessimista e com a capacidade de absorver a negatividade como uma esponjinha!!
"Agrada-me" também sofrer por antecipação. Sou fã! Adoro chorar ainda antes do leite ser derramado, acho que comigo a coisa funciona mais ou menos assim: deixa-me lá chorar antes da desgraça acontecer, antes de ela ser oficial, porque ao pintar este cenário negro, se ela acontecer eu já antevi, eu já sei tudo e assim vou estar preparada, já com a armadura colocada, pronta a absorver o choque. Mas é mentira, não é melhor, porque nunca estamos verdadeiramente preparados até palavras serem ditas, até acções serem praticadas, até diagnósticos serem confirmados. Pelo contrário, é muito pior, porque se sofre sempre mais, sofre-se em dobro.
Pior, aliado à minha negatividade e à minha apetência de sofrer por antecipação surge dos escombros do meu ser um pavor a qualquer tipo de médico, ás coisas que eles gostam de descobrir e encontrar. 
Depois disto conseguirão perceber, que não estou muito ansiosa pela consulta da próxima semana. Aliás nada ansiosa, a minha pergunta é: posso encolher-me dentro da minha carapaça e esconder-me num buraquinho? Não, não posso. Porque tenho que arrumar as malas desta viagem que foi a tentativa de gravidez espontânea, e partir para aquela que é a verdadeira luta, a verdadeira guerra. A procriação medicamente assistida. A infertilidade. E o caminho é escuro, é tortuoso e eu não lhe vejo a luz, nem muito lá ao fundo. E o que vai dizer o médico, e que exames vai mandar fazer e se... e se... e se...
E é assim que nos encontramos, por um lado quero fugir, por outro lado sei que tenho que lutar pelo nosso filho, tenho que ser forte, por ele, por nós os três.
Mas digo eu... Não chegava já de ser forte? Não chegava dores insuportáveis desde os 12, uma ano de dores e náuseas diárias, diagnóstico de endometriose mais fantasma da infertilidade aos 24, cirurgia aos 25 acabadinhos de fazer, ecografias, consultas e análises de 6 em 6 meses, mais a dor pélvica quase crónica, quase diária, mais uma gravidez bioquimica, mais.... Resposta: Não, ainda não chega e está tudo a começar.
Este pequeno blog parece o muro das lamentações, coitadinho! Credo! Mas ultimamente o estado de espírito é assim meio que nhó nhó, meio que acabado, não vale a pena dourar a pílula, ando triste, desanimada, sem esperança e muito cansada e esgotada com o que me calhou na sina. Vale-me um marido espectacular, uma família como não há e as minhas queridas endoguerreiras para ir sobrevivendo aos dias.
Vamos lá! Vamos à luta! 

P.S. Medddooooo..... 

sábado, 14 de maio de 2016

Sem título

Apetece-me chorar sim, revoltar-me, exasperar-me, gritar a plenos pulmões e depois cair no chão sem força, de raiva e dor, de revolta de tristeza. Apetece-me parar o relógio,o tempo, o mundo. A vida, a essa está parada, suspensa.
Tanto amor para dar, um colo preparado para te receber para te aconchegar, para te proteger, para te embalar, mas vazio, tão vazio.
Porquê?
E dói, como dói. Que provação difícil nos foi atribuída meu Deus.
Mas acreditaremos sempre. Esperaremos por ti meu amor, eu, e o pai, de coração cheio de amor para te dar.
Temos já uma irmãzinha canina que mal pode esperar para te dar mil lambidelas e ser a tua companheira de brincadeiras e marotices. Temos tios e avós doidos para que venhas para te estrafegarem e estragarem com todos os mimos que mereces.
Que neste mês de Maio, Nossa Senhora ouça as nossas preces e te traga para junto de nós, é que sabes meu herói, nós já te amamos tanto.
Um beijinho meu amor os pais estão à tua espera

sexta-feira, 13 de maio de 2016

A pregnancy a day

E é isto...
Tenho sabido de pelo menos uma gravidez por dia...

Sexta feira 13 é dia de ...

Aparecer o maléfico e com ele as dores da maléfica endometriose... e só não digo com ele mais um mês de sonhos destruídos, porque esse é o trabalho do malfadado spotting.


segunda-feira, 9 de maio de 2016

Spotting

Desde Dezembro que o spotting (pequenas perdas de sangue) pré menstruação nos persegue, aparece ao 11º dia pós ovulação, como um presságio da tragédia anunciada. Ainda não foi desta. Ainda não foi este mês. E lembra também que: tu não és uma mulher normal! Uma mulher "normal", fecunda, capaz de conceber, de gerar vida, com ciclos normais, não tem spotting e TU tens. 
Portanto, é uma desgraça dupla. É a endometriose a dizer, eu estou aqui. É tão difícil voltar a encarar o mundo e os outros após o surgimento do spotting, como se nada fosse, depois de sabermos que mais um mês se passou em que o nosso sonho mais uma vez morreu. 

Em Fevereiro fomos ao médico a ecografia não mostrou nada de novo, os focos mantêm-se e o médico achou que o spotting se devesse a uma insuficiência do corpo lúteo. Receitou-me então progesterona, que não resultou nada.
Decidimos então marcar consulta de infertilidade em que não nos vão saber dizer nada, vão-nos mandar fazer mil exames para decidirmos qual é o nosso caminho.
E que caminho será este? Esta incógnita sobre o próximo passo, sobre o próprio resultado dos exames é motivo de medo e ansiedade. 
Não me sinto uma mulher com garra e força suficiente para ser submetida a tratamentos atrás de tratamentos, anos após anos, acho que as mulheres com esta capacidade são simplesmente verdadeiras heroínas, não tenho a menor dúvida. A ansiedade, o stress, o sofrimento a que são submetidas são enormes e não é qualquer pessoa que aguenta esta pressão.

Vamos ver o que o futuro nos reserva.

sábado, 30 de abril de 2016

O positivo

Ter endometriose, não significa ser infértil. Ter endometriose significa, em primeira instância, possuir um factor se sub-fertilidade. Sabemos, no entanto, que a endometriose é a principal causa de infertilidade feminina, e que 30 a 40% das portadoras apresenta dificuldade de engravidar. 
Se a gravidez é o que mais almejamos ver um positivo num teste de farmácia acaba com todas as nossas preocupações? Sentimos que o objectivo, o que era difícil está feito, certo? Não.
Há 6 meses atrás, na minha cabeça, achava que a partir do momento que aquela risquinha aparecesse os meus problemas, relativos a este assunto, terminavam. Não.

Nesse dia há 6 meses atrás eu não fiquei feliz. Feliz na verdadeira acepção da palavra. Tive medo, mas muito medo. 
Claro está, que me apaixonei de imediato pelo meu baguinho de arroz, amava-o tanto, pedi-lhe muitas vezes, agarra-te a mim, sei que o ambiente aí é hostil, mas tens que ser forte meu amor. O amor por uma coisinha ainda microscópica é imediato, aliás tenho para mim, que já amamos os nossos bébés muito antes de eles nascerem e muito antes de os termos no nosso ventre. 

O dia em que sabemos do positivo, ao contrário do que eu pensava não é o dia em que a nossa batalha termina, é o dia em que uma batalha termina sim, mas que outra começa. Desde que sei que tenho endometriose que o objectivo é engravidar, conseguir uma gravidez, engravidar, engravidar, engravidar, como se tudo se resolvesse aí. Que ilusão!

Ao contrário do que eu imaginava os medos, as ameaças, não terminam aí, e iria aprendê-lo da pior forma possível.

Tinha dores, todos os dias das quase 6 semanas que o tive junto a mim. Apelidei o meu baguinho de arroz de bébé urtiga pelas dores que me provocava. Dores, sempre do lado esquerdo, seria ectópica? Mais uma preocupação acrescida de quem tem endometriose.
Fomos fazer o teste de sangue e beta baixinho, 109, para as quase 5 semanas de gravidez. No fundo do meu coração sabia que alguma coisa muito errada se passava. Fomos para as urgências da CUF, desvalorizaram o meu medo da ectópica, na ecografia não se via nada, o que com beta de 109 é normal e, disseram a verdade, não podemos fazer nada, o beta podia ser normal ou não, teríamos que ver como evoluiria o beta. Esperar 48h. Repetir o beta. Iria duplicar? Stress, ansiedade, noites mal dormidas com sonhos em que tudo corria bem, em que tudo corria mal... Enfim, um pequeno inferno. Beta baixou, 106, ectópica não é. Não é nada, e lá se foi o sonho.

Depois, a revolta. Que justiça é esta? Que mundo é este? Porque te tiraram de mim? Porque me fugiste? Porque não mereço que as coisas corram bem? Não bastava ter dificuldade em engravidar e agora isto? Que espécie de piada é esta? 

Depois, tentar apaziguar, renascer das cinzas, voltar a tentar. E negativos atrás de negativos, mês após mês. E renascer, novamente, a cada mês do nada, alimentar a esperança mês após mês, agora com conhecimento de que o positivo é apenas o inicio.

Não há dia que passe que não me lembre que já estive grávida. G-R-Á-V-I-D-A ,eu! A sério! E não há vez que não chore quando digo isto. Que não me emocione e pense que naquele dia em que fui ali, em que fiz aquilo, eu estava grávida. Eu já tive a melhor coisa do mundo e, o Universo ou quem de direito, levou-ma. Mesmo tendo sido no início e mesmo a minha dor não se comparando a outras dores, nem lá perto, nem um bocadinho, há dores tão tão tão maiores... Mas, é a minha dor. E dói muito.

Ajudar

Uma das coisas que mais prezo, e talvez a única coisa boa que esta doença me tenha trazido, é a possibilidade de ajudar alguém. É no fundo retribuir.
Foi no fórum da infertilidade/endometriose da apf que encontrei ajuda, conhecimento, respostas, esperança, já chorei de alegria e de profunda tristeza. Foi o fórum da apf que me fez procurar um especialista. Eu sabia lá que era preciso um especialista em endometriose! Foi o fórum da apf que m,e salvou de percorrer médico atrás de médico, dor atrás de dor, sofrimento atrás de sofrimento. Foi o fórum da apf que me fez bater à porta certa. A "porta" do Dr. António Setúbal, especialista em endometriose e cirurgia laparoscópica (CEI- Centro de endometriose e infertilidade, Edf. Atrium Saldanha, 11º A, contacto: 218497055).
É com orgulho que digo que já ajudei algumas mulheres, podem ter sido poucas, mas bastava uma.
Assim, sempre que posso ajudar alguém, retribuindo os concelhos acertados que me foram dados, fico muito feliz, porque ao menos isso esta doença nunca me vai tirar, o prazer de ajudar alguém com aquilo que ela, a custo, me fez aprender.

sexta-feira, 22 de abril de 2016

E a famosa pergunta: endo quê?

Não é pouco frequente sermos diagnosticados, ou termos familiares diagnosticados com coisas que desconhecemos, são nomes complicados, estranhos e que nunca se cruzaram no nosso caminho, por isso, para muitas de nós  ouvirmos pela primeira vez: " O que você tem é endometriose." pode querer dizer tudo ou não querer dizer absolutamente nada. 
Mas conhecimento é poder, ou talvez não... Já fui atendida por ginecologistas que me disseram que o meu problema é que eu sei coisas demais.... são aqueles médicos que nos passam a mão na cabeça e dizem para irmos de férias e relaxarmos, que ainda somos tão novas que o problema é o stress...

Retomando...

É importante sermos críticas, sabermos realmente a nossa condição, lermos em locais fidedignos informações que nos possam ajudar, pois é muito mais fácil lutar contra um inimigo que conhecemos bem (exs de sites pródigos em informação : http://mulherendo.pt/; http://endometriosis.org/; http://ceiclinic.pt/).

A endometriose é, em primeiro lugar uma doença crónica, que é como quem diz uma doença que vamos levar connosco para o resto da nossa vida. Por isso frases iluminadas, como: "engravide que isso passe" não são muito reais e fazem-nos sentir um bocadinho incapazes! Ah quer dizer que a cura para isto, para estas dores, para este sofrimento é engravidar, engravidar é o que mais quero e nem engravidar consigo? Sou mesmo incapaz! Pois que não! Que não sou incapaz! Tenho uma doença merda! Tenho uma doença que me causa sub-fertilidade e potencialmente infertilidade, não é relaxando, indo de férias e pondo as pernas para cima que vou resolver isto tudo! Enfim... continuando...

É uma patologia da mulher, na maior parte das vezes dolorosa, em que a camada que reveste internamente o útero, o endométrio,  em vez de estar sossegadinho no seu lindo e anatómico sítio resolve por obras do diabo, ir infiltrar-se em sítios que não lhe pertencem. O que vai resultar em implantes de endométrio que podem localizar-se, na realidade, em todo e qualquer órgão, desde os ovários ao cérebro, passando pelo pulmão e tudo quanto há de órgãos que uma pessoa tenha. Atenção, ao ser diagnosticada com endometriose, não quer dizer que se tenham implantes nestes órgãos todos! Não vale a pena panicar, pode estar "circunscrita", à região pélvica, a um ou dois órgãos, ser "apenas" abdominal e superficial, etc! Voltando ao endométrio... Durante o ciclo menstrual o endométrio da mulher sofre várias alterações, começa muito fininho e vai engrossando ao longo do ciclo, cresce, cresce, cresce e por fim terá que descamar para que um novo ciclo aconteça e, essa descamação é basicamente a menstruação. Quem não tem endometriose descama apenas de um endométrio arrumadinho dentro do útero, quem tem a doença peste tem implantes de endométrio que inflamam e sangram nas regiões onde estão implantados, no meu caso, por todo o lado, é uma festa! Basicamente, é como uma pequena hemorragia interna, que como calculam, até os mais cépticos percebem, dói um bocadinho! 
As dores normalmente agravam-se no período menstrual, mas existem mulheres, e já foi esse o meu caso, quando a doença peste estava no auge dos auges, que têm dores e desconforto o ciclo inteiro que é como quem diz, a vida toda. Bom não é?

Give me lemons...

Dream



Endometriose: Especialista Precisa-se!!

Quando li no relatório da ecografia e percebi que sofria de endometriose, decidi que não podia chorar mais, não tinha esse direito, afinal havia pessoas bem piores do que eu, decidi que tinha que olhar em frente e procurar no conhecimento uma saída. Pesquisei e encontrei, graças aos Deuses, o fórum da apf. Um verdadeiro salva vidas! Ao ler as histórias de outras mulheres com o mesmo problema que eu percebi de imediato que a endometriose não é propriamente uma doença "conhecida", assim a fundo, pela grande parte dos médicos ginecologistas, para já não falar em clínicos gerais, que não generalizando não fazem a menor ideia do que se trata. Não podia consultar um médico qualquer, tinha que recorrer a um especialista.
O nome: Dr. António Setúbal surgiu diversas vezes na minha pesquisa. Fui a uma consulta e penso ter feito a escolha certa. Fui operada por ele, ainda em 2011, e retirei os dois endometriomas, confirmou-se a adenomiose e a endometriose superficial extensa.

A endometriose afecta cerca de 10% a 15% da população feminina em idade fértil, estimando-se que 25 a 45% dos casos de infertilidade sejam devidos a esta doença peste. Não bastando é ainda uma doença que demora em média cerca de 8 anos até ser devidamente diagnosticada. Não é suficientemente divulgada, nem reconhecida quer pelos médicos, quer pela sociedade em geral, que assume que é normal para a mulher sofrer com dores e perder a sua qualidade de vida durante o período menstrual.

A MulherEndo, Associação Portuguesa de Apoio a Mulheres com Endometriose  (http://mulherendo.pt/) faz o melhor trabalho na sensibilização e divulgação da endometriose, dando apoio e informação preciosa ás portadoras e ajudando no encaminhamento para especialistas.

Somos bastantes a sofrer com esta doença peste, mas juntas somos muito mais fortes.

Dream

quarta-feira, 20 de abril de 2016

Premonição

Sempre soube que engravidar não iria ser fácil, não me perguntem porquê, mas sempre achei um milagre tão grande, uma coisa tão boa, tão boa que, sempre pensei que esta sorte não me ia calhar a mim, pelo menos assim de mão beijada. 
Ter uma mãe com endometriose e, sendo eu filha única já devido a esta doença peste, também deve ter ajudado.

Foi em 2011 que ouvi este nome associado a mim pela primeira vez. A minha reacção não foi: "endo quê?" como a de algumas pessoas, porque infelizmente já tinha ouvido o nome por diversas vezes em casa. Sabia, que tinha sido esta doença a roubar um sonho aos meus pais e sabia que tinha sido esta doença a fazer a minha mãe sofrer de dores e mais dores, de muitas idas ao hospital, e ainda duas cirurgias. 
Depois de um ano de dores, todos os dias, depois de muitas náuseas, de ter perdido 10kg, achei que o melhor era contrariar o meu pavor a médicos e ir fazer uma ecografia. Lá estava ele, um endometrioma de 7 cm, em toda a sua glória, a proliferar no no ovário esquerdo e outro mais pequeno do lado direito.

O porquê das dores mais intensas naquele ano e das dores menstruais excruciantes desde os 12 anos tinha sido justificado e o nome dessa justificação era feio demais, era-me familiar demais. E a minha premonição estava certa: ser mamã iria ser um trabalho duro e difícil ou até impossível.

Pensando bem, a endometriose, já me anda a roubar coisas há muito tempo, há tempo demais! Primeiro um irmão/irmã e agora quer-me roubar um filho?
Se calhar não, se calhar não vais ter essa sorte, que eu vou vencer-te! Ah se vou.

Até lá, energias positivas

Dream