segunda-feira, 1 de agosto de 2016

Esta semana#1

A semana de férias veio e foi, passou como uma rajada de vento. O lugar ao sol numa praia qualquer, não existiu. Primeiro, porque na última hora o meu marido não pode tirar as férias que estavam, tal como as minhas, marcadas há meses, devido há irresponsabilidade e há falta de ambição e do tal brio profissional que eu tanto prezo, mas que tanta falta faz a alguns. Depois, porque soubemos da doença da minha boneca e não havia cabeça para estar de férias, para ser feliz.
Nesta semana fizemos também um aninho de casados. Bodas de papel. Parabéns a nós, que neste ano já ultrapassámos mais do que alguns casais numa vida inteira. Doenças, a perda de algo muito desejado e o falhanço a cada mês que passa. Não tem sido fácil, mas também não abalou o amor, abalou horas, abalou dias e noites, mas não o amor.
Esta semana não foi boa.
Andava a contar os dias para estar de férias, mesmo ao género de presidiário no final da pena. Faltam 9, faltam 5... mas depois as más noticias, engoliram a minha felicidade, sugaram-ma. 
A falta de saúde, a doença e em particular o cancro assustam-me, fazem-me estremecer, fazem-me sentir a desorganização, a morte, bem perto. Cancro não é morte, claro que não! Mas saber que aquela célula, decidiu naquele dia começar a multiplicar-se de forma desordeira, sem que nada a pudesse travar faz-me sentir uma gota de água no oceano, faz-me sentir frágil, exposta, amedrontada. Saber que nada podemos fazer para travar aquela decisão, daquela célula, naquele momento é mesmo assustador. 
Lidar com esta doença assim, mesmo encostada a nós é difícil, é preciso chorar, deitar cá para fora toda a angústia que de repente nos invade a alma, pensar na perda, sentir um amor tão grande e ver a perda assim tão perto é doloroso, mas é preciso começar a reagir, lutar, acreditar, confiar, pois é tudo o que podemos fazer. O aperto no peito nunca mais saiu, nunca mais foi embora. Aquela sensação de alívio que sentimos quando nada nos sobrecarrega a alma nunca mais senti, vivo aqui com este nó enrolado entre a garganta e o coração e pergunto-me se alguma vez vou voltar a viver sem ele. Talvez não, tenho que arranjar um nome para este nó, parece-me que vamos ser companheiros de vida.

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