sábado, 9 de julho de 2016

Infertilidade #2

Podemos escrever e falar muito sobre infertilidade, esse aliás foi um dos objectivos, quando criei o blogue. Exorcizar e escrever sem medos, sem vergonhas e sem filtros o que me vai na alma. Tentar apaziguar esta dor que é tão forte, que é tão feia, que não sobra vontade de a partilhar com ninguém cara a cara, olho no olho, pois não quero pena e sei que não iria encontrar identificação e verdadeira compreensão. Esta dor sem beleza que vai endurecendo a alma, o espírito, as emoções, a pele e as feições. A dor da perda sem ter perdido, a dor da falta sem ter tido, a dor do amor que já se sente, mas que não se pode dar.

Podemos dar graças, todos os dia,s pelo que temos de bom nas nossas vidas, podemos e devemos. Mais, é a nossa obrigação agradecer por estar vivos, por amar, por ser amados, por ter presente nas nossas vidas os que amamos, por eles terem saúde, pelo sol brilhar, pelo mar ser azul, por existirmos. 

Temos o dever de acordar e dar graças a Deus, ou aos Deuses, ou ao céu, ao mar, ou a todos ou a nada. Ainda assim, esta dor não desaparece, não vai embora, tentamos mascará-la, escondê-la, colocá-la lá no fundo da gaveta, mas ela teima em estar lá, sempre a pairar. E ganha força em certos momentos, em momentos em que não devia mesmo aparecer. São momentos em que me sinto mesquinha e realmente triste não só com as circunstâncias que atravesso, mas também comigo mesma. Uma grávida, um carrinho de bébé. Porquê eu? Porque fui eu a escolhida?

Mas a infertilidade não é só uma coisa má. Devido à infertilidade e ao blogue, que surgiu por acréscimo, entraram na minha vida pessoas excepcionais, lutadoras, guerreiras à séria, mas também frágeis, humanas, sensíveis e que sem dúvida me percebem melhor do que qualquer pessoa, e  que não mereciam estar neste caminho. Estão a viver, a experienciar momentos muito semelhantes ao meus e sinto e sofro por elas, como sinto e sofro com a minha infertilidade. 
Acompanhamos resultados, momentos, tratamentos, festejamos, sofremos, ansiamos e choramos juntas, mesmo que distantes. Apoiamo-nos umas ás outras, como se nos conhecêssemos há anos e isso não é feio e mesquinho, é o lado bonito da infertilidade. Nunca pensei que existisse este lado, mas existe mesmo! Saber da gravidez de uma delas é uma lufada de ar fresco, é um dia bom, é um dia feliz, é esperança e força renovada. É sonho palpável, verdadeiro, mais próximo, mais perto.
Minhas queridas, estou sempre a torcer por vocês e quero agradecer-vos por estarem aí, pois sem vós estar nesta luta não seria impossível, pois o que nos move é imenso, mas seria mesmo muito mais difícil. 
Go girls! Praying for us*

5 comentários:

  1. Respostas
    1. Mesmo mesmo! A torcer por ti minha querida, a acreditar até ao último momento! Beijinho grande

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  2. Ate me arrepiei!! É mesmo tudo isso :D e fico feliz que assim seja. Estaremos sempre aqui para ti tal como sabemos que tu estás para nós. Como a Mia disse ESTAMOS JUNTAS <3

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  3. Um beijinho grande querida Dream*

    Subscrevo inteiramente o teu lindo e verdadeiro texto :)

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  4. Um grande beijinho para vocês também

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