terça-feira, 17 de maio de 2016

A primeira consulta de infertilidade

Quando em Setembro começámos a tentar uma gravidez, nunca, verdadeiramente, acreditei que conseguiria uma gravidez natural. O meu pessimismo não ajuda, claro está, e a minha endometriose ajuda menos ainda. Mas fomos à luta, fomos para a guerra, havia, não vou mentir, uma réstia de esperança que as coisas acontecessem naturalmente. 
Vejo a gravidez, a gestação de um bébé saudável, como um milagre, uma dádiva tão grande, que, para ser honesta não me vejo digna de tamanho milagre, não sei se me entendem, mas é algo que eu quero tanto e tão bom que parece que não me vai acontecer nunca.
 A minha cabeça é um bocadinho complicada. Tento acreditar e "afastar" estes "demónios" que não ajudam nada, nem ninguém, mas não é uma tarefa muito fácil para mim, negativa, fatalista, pessimista e com a capacidade de absorver a negatividade como uma esponjinha!!
"Agrada-me" também sofrer por antecipação. Sou fã! Adoro chorar ainda antes do leite ser derramado, acho que comigo a coisa funciona mais ou menos assim: deixa-me lá chorar antes da desgraça acontecer, antes de ela ser oficial, porque ao pintar este cenário negro, se ela acontecer eu já antevi, eu já sei tudo e assim vou estar preparada, já com a armadura colocada, pronta a absorver o choque. Mas é mentira, não é melhor, porque nunca estamos verdadeiramente preparados até palavras serem ditas, até acções serem praticadas, até diagnósticos serem confirmados. Pelo contrário, é muito pior, porque se sofre sempre mais, sofre-se em dobro.
Pior, aliado à minha negatividade e à minha apetência de sofrer por antecipação surge dos escombros do meu ser um pavor a qualquer tipo de médico, ás coisas que eles gostam de descobrir e encontrar. 
Depois disto conseguirão perceber, que não estou muito ansiosa pela consulta da próxima semana. Aliás nada ansiosa, a minha pergunta é: posso encolher-me dentro da minha carapaça e esconder-me num buraquinho? Não, não posso. Porque tenho que arrumar as malas desta viagem que foi a tentativa de gravidez espontânea, e partir para aquela que é a verdadeira luta, a verdadeira guerra. A procriação medicamente assistida. A infertilidade. E o caminho é escuro, é tortuoso e eu não lhe vejo a luz, nem muito lá ao fundo. E o que vai dizer o médico, e que exames vai mandar fazer e se... e se... e se...
E é assim que nos encontramos, por um lado quero fugir, por outro lado sei que tenho que lutar pelo nosso filho, tenho que ser forte, por ele, por nós os três.
Mas digo eu... Não chegava já de ser forte? Não chegava dores insuportáveis desde os 12, uma ano de dores e náuseas diárias, diagnóstico de endometriose mais fantasma da infertilidade aos 24, cirurgia aos 25 acabadinhos de fazer, ecografias, consultas e análises de 6 em 6 meses, mais a dor pélvica quase crónica, quase diária, mais uma gravidez bioquimica, mais.... Resposta: Não, ainda não chega e está tudo a começar.
Este pequeno blog parece o muro das lamentações, coitadinho! Credo! Mas ultimamente o estado de espírito é assim meio que nhó nhó, meio que acabado, não vale a pena dourar a pílula, ando triste, desanimada, sem esperança e muito cansada e esgotada com o que me calhou na sina. Vale-me um marido espectacular, uma família como não há e as minhas queridas endoguerreiras para ir sobrevivendo aos dias.
Vamos lá! Vamos à luta! 

P.S. Medddooooo..... 

6 comentários:

  1. Dream, pareces eu! Antecipar o drama antes que ele chegue. Como se isso tornasse a coisa menos dramática!

    ResponderEliminar
  2. Quando é que esta doença nos dá tréguas? :(

    Estou farta disto. Vai-me matando aos poucos. tirando-me orgão a orgão devagarinho, só para não ser tudo de uma vez. Mas mesmo assim, não se contenta porque mesmo perdendo orgãos a maldita parece que ganha ainda força.

    Depois da minha consulta hoje soube que vou ter de perder a trompa que me resta e um ovario. Fico só com o ovário direito.
    O ovário e um utero com adenomiose.

    E agora? O que pensar? Precisava de desabafar isto convosco porque quem me rodeia já está sem palavras amigas que restem. Já as esgotaram todas e já não sabem o que dizer.

    Estou ainda em choque.

    Por isso tu combate essa doença o quanto antes, tenta tudo o mais rapido possivel antes que ela te leve pedaços de ti.

    Bjs, força*

    ResponderEliminar
  3. Claro que estás em choque, tens toda a razão é demais para uma pessoa aguentar, é muito sofrimento querida. Maldita endometriose, maldita!

    ResponderEliminar
  4. Dream, desculpa não sei se já tinhas respondido mas quando tens a tua consulta?
    beijinho

    ResponderEliminar
  5. Dia 24 de Maio, 3a feira como a Mia. Medoooo....

    ResponderEliminar
  6. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderEliminar