terça-feira, 20 de dezembro de 2016

Loucuras da infertilidade

No ano que tentei engravidar, senti-me muitas vezes louca e, apesar de agora estar em pausa sei, lá no fundo, que ainda não desisti de ser mãe, por isso novos momentos de loucura me aguardam. Mas, também sei que fui muito feliz quando parámos com a verdadeira paranóia mensal que é tentar engravidar. Viajámos, relaxámos, tivemos momentos felizes. Claro que cada vez que vi uma grávida ou um bebé o meu coração ficou do tamanho de uma ervilha e os meus olhos brilharam embargados de tristeza.
Tentar engravidar sem ajuda médica, quando sabemos que temos um problema que nos condiciona a fertilidade é muitas vezes viajar sem mapa. Não temos quem nos diga se já ovulamos ou não, quando tentar, se é cedo para fazer o teste, como não temos mapa, às vezes viajamos um bocado à toa.
Das coisas que mais me fazia endoidecer era tentar perceber se já tinha ovulado, se ovularia e neste caso quando! Muco cervical, temperatura, testes de ovulação, moinhas nos ovários seria ovulação? Seria um endometrioma a crescer? Seriam quistos? Após  a fase da ovulação, cerca de uma semana depois começava a maior ansiedade e era ver-me a apalpar as mamas 30 vezes ao dia, ora acho que doem ora já não doem. E mesmo que doam pode ser por motivos totalmente contrarios a uma gravidez! Depois aquela dualidade de pensamentos, do : vou ter esperança ou não vou criar nenhumas falsas expectativas. E o acreditar que por ser Natal, por ser Páscoa, por ser dia da mãe ou dia de qualquer coisa é que ia mesmo acontecer! Para mim, ainda havia a fase do spotting 11 dias após a ovulação, o que significava mais um negativo...E mais um acesso de loucura, ir de forma doentia à casa de banho para ver se tinha ou não spotting.
As tentativas infrutíferas de engravidar, as ansiedades e as angústias, não apenas no final de cada ciclo, mas ao longo do ciclo conjugadas com as funções e as expectativas que a vida nos exige podem tornar-se um verdadeiro suplício e levar-nos ao esgotamento e à depressão.
A minha experiência reside apenas num ano de tentativas espontâneas, quando inseridas num contexto de PMA tudo triplica, pois além do desgaste emocional existe um desgaste físico e um investimento financeiro, que fazem com que tudo se torne ainda mais difícil.
Força e coragem para quem está na luta

3 comentários:

  1. Não passei pela fase das tentativas espontâneas, mas pelo que descreves é muito desgastante... não menos que um tratamento de FIV/ICSI...

    Força e coragem, além de clareza de espírito, é mesmo o que estou a precisar :)

    Beijinho querida Dream*

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    1. Vai correr tudo bem, acredito e torço por ti. Força, coragem, já tu tens e em grandes doses minha querida a serenidade também te desejo embora saiba que é o mais difícil ou nesmo impossível de se conseguir
      Beijinhos

      P.s. deixei comentáriosna tua "casita", não sei se viste

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    2. Não vi... tenho que rever as definições, secalhar passa-se alguma coisa :)

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