quarta-feira, 15 de junho de 2016

Por esta altura

Por esta altura gostava de estar a escolher carrinhos, a comparar marcas e preços, a ver berços e a escolher papel de parede! A combinar tecidos a encontrar aquela almofada, aquela chucha, já para não falar em roupinhas e outras fofices. Já estaria nas últimas páginas do "Grande Livro da Grávida", a escrever as últimas notas no meu diário da gravidez e ansiosa para o/a conhecer. Já teria lido 800 livros de puericultura e de teorias e correntes educacionais, para me tentar preparar, o  melhor possível, para o impreparável! Não sei se estaria mais feliz, nunca sabemos o que a vida nos reserva, umas coisas correm bem outras correm mal. 
Consegui perder a esperança numa gravidez natural e focar-me na consulta de Agosto, acho isso positivo, porque viver em ansiedade constante não é bom nem para nós, nem para os que nos rodeiam.
Ainda hoje, pensava que tanta gente nesta altura programa as suas férias, o descanso dos guerreiros que trabalham de manhã à noite, para durante, pelo menos uma semana por ano, serem reis. Nesta altura lembro-me de várias coisas. Lembro-me, que tirando a infertilidade e a endometriose, não me posso queixar e é preciso valorizar e relembrar isso. Nem tudo é mau. Temos saúde, vivo bem com a minha doença crónica, em termos físicos. Tenho "dor" pélvica crónica (moinhas crónicas será a melhor palavra dor parece-me exagerado) sim, tenho uma semana por mês "piorzita", mas já "aprendi" (tantas aspas meu Deus!) a viver com ela. Amo e sou amada pelo meu rico maridinho, a luz da minha vida e pelas nossas famílias, temosuma casa, temos um trabalho, não somos ricos, nada disso, mas não vivemos com dificuldades e nos tempos que correm isso é uma benção. Ah! E temos a nossa cadela, a nossa querida cadelinha :)!
Claro que gostaria de neste momento estar a planear as minhas férias de dolce far niente, porque sim, porque merecemos, porque trabalhamos muito, porque não tenho vícios e porque viajar é a única coisa, exceptuando a saúde, onde acho que o dinheiro é mesmo bem gasto. Disse que não tenho vícios? Tenho sim! É viajar! Mas, com a infertilidade a bater à porta, mais vale fundar os viajólicos anónimos, que agora todos os fundos são para tentar realizar o sonho de ser pais!
Acredito em Deus, tenho a minha fé, em especial em Nossa Senhora de Fátima, por isso o último ciclo negativo me doeu ainda mais fundo, só chorava, era mês de mãe, mês de Maria, doeu muito não receber essa graça. Ás vezes, não percebo quais são os Seus desígnios porque é que casais com tanto amor e estabilidade, não digo financeira, digo emocional, são inférteis e casais tão desestabilizados procriam como coelhos. Não são coisas para os comuns mortais, como eu, perceberem. São questões que se levantam na minha molécula já um pouco frita ... 
Ah mas a luz do Verão, o calor do sol a bater na pele, e o cheiro a mar e a protetor solar ninguém me tira, vantagens de viver no litoral!

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