quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

Luto pela gravidez espontânea

O luto, dizem os especialistas, tem 5 fases. Não é que me bateu agora, que precisei mesmo de fazer o meu luto, pela impossibilidade de conseguir uma gravidez espontânea, uma concepção dita normal?
A ideia de conceber um bebé, espontaneamente, num bonito acto de amor e entrega é o que temos como ideal. Conseguir dar um filho ao nosso marido é o que temos como ideal. Desejar e conseguir ser mãe/engravidar é  o que temos como ideal.
Quando começamos a constatar que connosco não vai acontecer assim, que precisamos de ajuda, pode ser complicado. Para mim foi, sem dúvida!! Aliás, continua a ser e, analisando passei claramente por todas as fases do luto.
Fase 1: A negação. A fase em que não achava possível isto me estar mesmo a acontecer, sobretudo pela gravidez bioquímica espontânea que tive, logo no segundo ciclo após paragem da pílula, e primeiro mês de tentativas a sério. Acreditava que no ciclo que se seguia os astros se iriam alinhar em meu beneficio. Ciclo após ciclo não se alinharam...
E assim passei para a fase 2: a raiva. Porquê a mim? O que fiz para merecer isto? Sentia inveja profunda das que conseguiam a sua risquinha sem querer, ou de um mês para o outro, num simples descuido.
À raiva seguiu-se a negociação, em que se começa a perceber que secalhar a "perda" é real, neste caso, a impossibilidade de conceber um bebé "à moda antiga". Aqui tentei negociar através da fé, com nossa senhora, com Deus com orações, promessas...
Seguiu-se a fase 4: depressão. Esta fase surgiu quando reconheci que realmente o problema existia, que o que se passava não era normal. Constatei que a minha endometriose não me tornara apenas sub-fértil, tornara-me infértil. Percebi que sem ajuda não ia acontecer. Pedir ajuda era inevitável e incontornável, não havia como fugir e senti-me triste e sem forças sem ter como escapar da minha realidade. Não queria viver e os meus problemas não tinham solução, porque me recusava a aceitar ajuda.
Estou a viver neste momento a fase da aceitação em que tento realmente aceitar com paz e serenidade o que a vida escolheu para mim. Já não sinto o desespero que sentia e sinto-me com muita vontade de aceitar ajuda. Sinto-me feliz por ter uma linda família e um marido que amo muito e que me ama também. Quero muito ter um filho, quero mais ainda que o meu marido tenha um filho, mas se por algum motivo não tivermos iremos juntos ultrapassar mais este obstáculo.
Força e coragem para quem está na luta

PS Boa sorte para amanhã para a mylittlefairytale e outras meninas, que hoje foi um dia daqueles mesmo bons!

5 comentários:

  1. Obrigada pela lembrança querida Dream :-)

    Penso que correu bem a punção, embora esteja toda dorida desta vez!

    Beijinho

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  2. É o que tu dizes ... 2017 vai ser O ano :D

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  3. Estas fases de luto são muitos difíceis de ultrapassar, até chegar à aceitação... Como sabes, também já passei por isso, em várias e diferentes situações, e às vezes sinto que ainda não estou na fase de aceitação...
    Acho que o facto de quereres aceitar ajuda é um passo muito importante para que possas concretizar os teus sonhos!
    E muita força e amor para o casal é necessário para que se consigam ultrapassar estes obstáculos todos! :) Com amor, tudo se consegue :)

    Um beijinho grande!

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    Respostas
    1. Não é nada fácil mesmo. Não é fácil chegar à aceitação e vou tendo retrocessos. Tenho agora noção que estive deprimida durante bastante tempo.
      Tens os teus congeladinhos à tua espera, vai corree tudo bem.
      Beijinhos

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