terça-feira, 24 de janeiro de 2017

Ser de caranguejo

Caranguejo. Nome do meio: nostalgia.
Tenho saudades daquele dia, em outubro de 2015 em que decidi parar de tomar a pílula. Tinha 29 anos feitos há um par de meses. Tinha a endometriose em fase de lua de mel. Tinhamos casado também há pouco tempo e íamos mudar-nos para a nossa casa nova a qualquer momento. Os astros pareciam acertados e secalhar mesmo com a endometriose no bucho ia correr tudo bem. Não é que tudo fosse ser fácil, pensava eu. Mas havia histórias boas, de vitórias e eu não estava quieta! Comecei logo acupuntura com um terapeuta que até percebia de endometriose,comecei com fitoterapia chinesa, óleo de onagra, ácido fólico, vitex agnus castus, tudo para ajudar e tentar manter a endometriose bem sossegada. Estava a fazer tudo certo, a ter cuidado com a alimentação, com tudo.
Tenho saudades, caramba sou mesmo caranguejo, desse tempo. Sabem? Dessa esperança ingénua, desse acreditar.
Já passou tanto tempo, ui tanto... foram já tantas desilusões, tantas falhas, tantas lágrimas, tantos sentimentos, tantas palavras escritas.
O que estarei eu a escrever daqui a um ano? Medo do futuro, nostalgia do passado!
Sabem o que quero escrever daqui a um ano? Quero perguntar-vos sobre cocó mole e cocó duro amamentação e mostrar-vos as mãozinhas e os pezinhos dos gémeos.
Quero saber o que é ser mãe, mesmo com endometriose.
Bem hoje não me calo. É dos nervos.

Sem comentários:

Enviar um comentário