quarta-feira, 30 de agosto de 2017

O que vai cá dentro #7

Bom, os dias sucedem-se e este primeiro ciclo chega agora ao fim. Como faço suplementação com progesterona, na 2ª metade do ciclo, não há spotting e, nesse campo, tudo bem, tudo normal. Anunciam-se, estes dias, os sintomas da chegada da menstruação, o frio, o cansaço extremo, a vontade mais repetida de fazer chichi e as contracções uterinas, a dor, o de sempre e que não deixa margem para dúvidas. Nesse aspecto tenho a "sorte" de conhecer o meu corpo e de na maioria dos ciclos não ter de esperar os 14 dias para ter certezas, salvo algumas excepções em que fui enganada. No ciclo de FIV bastou-me o frio para saber. Tenho sorte também, de não ter nenhum efeito secundário da progesterona, nem tão pouco sensibilidade mamária, essa só surgiu com o pregnyl, de resto não há medicação que interfira aqui com esta zona.
Não pensem que me venho lamentar deste ciclo ser negativo. Claro que era bom, maravilhoso e merecido este ciclo ser o derradeiro, mas tenho noção que é mais difícil do que encontrar uma agulha num palheiro. Não me tenho iludido nada. Tenho ido ao sabor do vento e tive uma gripe feiosa que não me permitiu lembrar-me muito da coisa. Sei através de controlo e de testes de ovulação quando ovulei, mas não mais do que isso, sei que tive um óptimo fim de semana cheio de sorrisos e alegria a seguir à ovulação, o tão famoso "relaxa que acontece" também não é a desculpa desta vez.
Agora, a única coisa que verdadeiramente peço é que esta menstruação me poupe, em termos de dor e de mau estar.  A que ponto cheguei, os meus pedidos resumem-se a não ter dores. O resto, não há Deus, nem talvez médicos que me ajudem.
Nos últimos dias muitas das conversas à minha volta são sobre o tema filhos, gravidezes, partos. Lá estou eu na plateia, a ver a vida dos outros passar enquanto a minha está parada. Tenho estado quase anestesiada, tem sido assim.
Sentir o amor que sinto pela minha afilhada, vê-la chamar-me feliz e encantada de "madinha" olhar os seus olhos lindos fazem-se sentir feliz, muito feliz e triste muito triste. Se este amor já é tão grande imagino, tento imaginar, o que será o amor por um filho nosso. Mais uma vez teimo em não conseguir esquecer, ainda que por um segundo, os dois anos de infertilidade e é cada vez mais difícil conseguir acreditar.
Para a semana estou de férias, ao menos isso.

4 comentários:

  1. Se há algo que estas porcarias de doenças fazem é que conheçamos o nosso corpo e reacções ao pormenor...
    Boas férias, eu também vou aproveitar as minhas em Portugal, aproveita para recarregar baterias...
    Beijinho

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  2. Ai Dream que vida a nossa...

    Também ando assim como tu, ao sabor da vento. E nunca conheci tão bem o meu corpo como agora (o que é uma pena... lá se vai a emoção disto tudo). Torna-se demasiado mecânico tudo isto, lá se vai o mistério da coisa. Enfim...

    Boas férias minha querida, aproveita muito esta vida que isto, com crias ou sem crias, são 2 dias :)

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  3. Dream
    Sinto tantas vezes isso que relatas da tua afilhada.
    Adoro os meus sobrinhos, adoro a minha afilhada que ainda hoje com 14 anos me chama carinhosamente de "Titi".
    Era capaz de tudo por eles. Por isso imagino por um filho.
    Mas, no fundo, nós já sabemos o que é o amor por um filho: é aquele amor incondicional que nos deu forças para lutar por ele mesmo antes de o conhecer.
    Aproveita as fárias para descansar e cuidar de ti.
    Beijinho Grande

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  4. Como te compreendo Dream! Também tenho dois sobrinhos e o amor já é incondicional!!

    Um beijinho de boas férias!! *

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