segunda-feira, 20 de agosto de 2018

O náufrago

Sinto que naufraguei em alto mar há 3 anos. Sinto-me a lutar por me manter viva, por me manter à tona de água. Cada dia mais difícil. Depois de tanto tempo a lutar contra as correntes, que vêm de várias direcções, as forças já me vão faltando e muitas vezes tenho vontade de me deixar ir com a corrente, de desistir de lutar. De desistir.
Estou no segundo mês de decapeptyl e de uma menopausa induzida, com um calor infernal e umas dores de cabeça que já me levaram às urgências,mas por um filho tudo.
Na semana passada fui ver a tiróide e mais uma vez descontrolo total. Ninguém me consegue regular, e isto em termos físicos é até emocionais tem muitos efeitos, é pesado. Perdi 5kg e ando bastante cansada,lá consegui falar com o médico por portas e travessas e lá comecei a nova dose.
Fiz a histeroscopia também na semana passada e parece que não há alterações de maior, no entanto fiz biopsia de endometrio e aguardo umas 4 semanas pelos resultados.
O Dr. Sérgio está de férias e agora não sei como vai ser, se tenho que fazer mais uma injecção de decapeptyl, não faço ideia de quando voltarei a ter um ciclo, nem quando poderei fazer a transferência caso o embrião descongele.
A doação de ovócitos é a única esperança que tenho, mesmo sabendo que não é garantia o Dr. falou-me em probabilidades de sucesso de 50%,superior aos 25 % com o meu embrião. Se por um lado a doação me dá alento, por outro tira-me o sono. Sinto que não serei nunca igual aos outros e que aquele segredo me consumirá. Não sei explicar. Não é uma questão de duvidar que sentirei amor igual a um filho que fosse geneticamente meu, isso não me causa dúvidas é o resto. Porque nenhuma das opções  contar e não contar me parece boa, ou será que quero dizer ideal?
Para ajudar mais uma notícia de gravidez.

2 comentários:

  1. Querida Dream se quiseres falar em privado sobre a doação diz alguma coisa... em momento algum te quererei "impor" a minha forma de encarar a doação, mas se explicar o meu ponto de vista talvez fiques mais em paz com essa opção... porque se for esse o caminho a seguir, tens que estar muito bem resolvida quanto a essa questão. Não podem haver dúvidas nem da tua parte nem da parte do teu marido... e posso dizer-te que todos os dias as pessoas me dizem "vai ser bonita como a mãe" ou "se sair à mãe vai gostar de dormir" coisas desse género... e todos os dias sou confrontada com a realidade que a minha filha não irá sair a mim em nada disso. Mas a facto desta bebé estar a desenvolver dentro de mim, de fazer parte de mim neste momento, fará com que seja minha para sempre. E eu dela. Pouco me importa se é parecida comigo, com o meu marido, ou com a dadora que nunca saberei quem é. Quanto a contar ou não... eu pretendo explicar à minha filha a forma como foi gerada. Obviamente que apenas será quando sentirmos que ela está preparada para o compreender... ou até lá podemos mudar de ideias... mas a vida é tão complicada que não vale a pena anteciparmos os problemas. Se achares que deves contar contas, se não quiseres nunca ninguém precisará de saber (com exceção dos médicos obviamente). Não vou dizer que é a coisa mais fácil do mundo, ma tudo depende da forma como vemos as coisas.

    Beijinho grande e torço muito que o teu embrião implante e não precises de pensar em nada disto :)

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  2. Não posso dizer que compreendo... Mas acho-te muito forte! mesmo! tu e a little são das mulheres mais fortes que conheço.
    É complicado e uma decisão difícil, espero que consigas paz na decisão que tomares...

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