domingo, 22 de agosto de 2021

Cura para a infertilidade?

 Ter um filho é a cura para a infertilidade?

Quando estava grávida da M, tinha certezas absolutas que aquela seria/será a minha última gravidez (não a primeira, mas a última). Certeza que não iria passar por tudo o que passei. Quando começamos todos deste "mundo" que é a infertilidade nos desejam que a caminhada seja curta, que o caminho seja curtinho. O meu não foi. Está aqui neste "diário" à vista de todos, bem cru, bem verdadeiro, bem duro, vazio de tudo muitas vezes, tão cheio noutras tantas. É um caminho que não quero voltar a percorrer, é um caminho com tantos obstáculos e quedas e feridas que doem, é muito real, está muito fresco e presente minha memória,  no meu coração, pelo que percorrê-lo outra vez seria uma estranha forma de tortura, o meio deste fim, tão bonito, foi avassalador.

Assim, estava decidido, última gravidez, embora que era dito com alguma mágoa. É claro que teria mais filhos, mas tinha que me contentar e  agradecer a graça enorme que era a gravidez da minha bebé. Quando a M nasceu e por ser a bebé que era, por quase ter caído numa depressão pós parto, devido ao bebé high need que tive, com todos os médicos e enfermeiros a pensar como é que esta mãe, como é que estes pais, aguentam o desafio que esta bebé é, esta bebé que chora 24 horas por dia, que não gosta de absolutamente nada, nem de banho, nem de passeio, nem de sling nem de nada, pensei claramente que não queria plamordedeus mais nenhum filho. Não por não amar a minha querida filha, acho que nem é preciso justificar isto, mas por ela ser tão desafiante que não me achava capaz de outro desafio assim. Aí senti que Deus me deu esta bebé para eu me "contentar" , para eu não querer mais bebés, antes de sentir isto senti que estava a ser castigada. Não é bonito dizer isto, mas às vezes a maternidade não é sempre bonita e cor de rosa, embora seja milhões de vezes mais bonita e mais cor de rosa do que a escura e negra infertilidade. Estava a ser castigada porque eu não tinha sido feita para ser mãe , lutei contra tudo e contra todos e agora aqui tens, uma bebé que por muito que ames te vai levar a tua sanidade mental, te vai levar a loucura. Estes dias foram terríveis, mas terminaram, no entanto, a vontade de ser mãe novamente essa não voltou propriamente e ainda bem, pois praticamente impossível. Mas serve este post para dizer, que na minha opinião, um filho não cura a infertilidade. Não é pacífico para mim lidar com grávidas e gravidezes, porque é que eu nunca vou poder escolher? Porque é que se eu decidir que quero dar esse presente que é um irmão á M não posso fazer? Fora as marcas que a infertilidade deixa, após nascer um filho cria outras, e um anúncio de gravidez nunca é fácil, não é fácil porque a infertilidade nos rouba a capacidade de escolher e nos impõe um determinado caminho na nossa vida, num assunto tão importante que não é só uma gravidez, mas é também o roubar um irmão aos nossos filhos.



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