Invariavelmente volto aquele dia em Abril de 2017 em que a embriologista da IVI me diz que, na primeira FIV/ICSI, não iria haver transferência. Lembro-me de chorar copiosamente e de pensar que o meu caminho tinha acabado por ali, que não havia hipótese, sentia uma tristeza e um desespero tão grande com aquela sentença. Senti que o meu sonho jamais se realizaria e senti uma impotência, um desalento avassalador, faltavam-me forças para querer viver. Lembro-me de olhar em volta na minha casa, com os olhos tapados de água e de um choro ruidoso e de não sei porquê fixar o cortinado da sala de estar a pensar para quê, para quê tudo isto, esta casa, se nunca vou poder gerar vida. Não me perguntem o porquê da história do cortinado, ele é do ikea. Sei que ontem enquanto brincavas e falavas e gritavas lá na tua língua, os meus olhos voltaram a olhar para aquele cortinado e agradeci, agradeci muito e agradeço (deveria agradecer) todos os dias ter-te ao meu lado, ver o teu sorriso, ouvir a tua fala que ninguém entende, sentir o teu cheirinho e amassar-te nos meus braços meu lindo amor. Obrigada vida, por depois de tanta luta me dares a conhecer este amor tão grande.
Sem comentários:
Enviar um comentário