terça-feira, 18 de julho de 2017

E continua

Nesse dia chorámos imenso, imenso enquanto família, não por nós, mas por ela porque não queremos ela sofra e ela, que é avó, que é mãe, que é amiga, que é vizinha, que é dona de um cão que é meu mas que é mais dela, que é confidente, que é tanta coisa, não é só uma velhota de 82 anos, ela é uma pessoa activa e é muito mais do que o que consigo dizer e explicar por palavras, ela é nossa e é muito especial. Nesse mesmo dia, ao final do dia soube que a cirurgia tinha sido aceite e que seria comparticipada pelo seguro.
Em uma semana preparámos tudo, no fim de semana comecei a terrível preparação intestinal e a dieta rigorosa e no dia 3 de Julho fui internada. Esperava-me uma complicada cirurgia com a duração de 4h30 no dia 4 de Julho de 2017! Só que não eram esses os planos que Deus tinha para mim! Quando abri os olhos e consegui perceber o que se passava à minha volta o grande relógio electrónico de parede do recobro dizia que eram 11h. 11h? Mas a minha cirurgia era para terminar lá para as 13h-14h... O que é que se passa aqui, pensei eu! Passado um bocadinho fui para o quarto e sou recebida pela minha mãe que num misto de alegria e alívio por ter ali a sua gaiata, me diz que a cirurgia correu muito bem,e que as coisas não estavam assim tão más, que tinha demorado menos tempo, que as minhas trompas estavam boas e que o Dr. tinha dito que talvez fosse possível uma gravidez espontânea! Uau isso eram boas notícias, que estranho haver boas notícias! A minha recuperação foi boa e está a ser boa, dentro do possível! Fiz uma onfalite que estou a tratar com antibiótico e anti-inflamatório, mas que espero que fique melhor rápido.
A minha avó já fez a PET e pude passar uma semana (de baixa) com ela, o que foi muito bom, agora aguardamos esperançosos o resultado.
O Dr. António Setúbal estava optimista relativamente a uma gravidez espontânea (eu não), mas ontem recebi o resultado da anti-mulleriana pós cirúrgica. No ano passado por esta altura estava a 1,61, agora está a 0,61. O laboratório não é o mesmo mas é triste e desanima um grande bocado. Não chorei nem nada, mas desanimei outra vez, fui-me um bocado abaixo e voltei a sentir-me menos tudo, menos pessoa, menos mulher, menos...
Se fosse outro tipo de pessoa estaria esperançosa e depositaria as minhas esperanças no meu embriãozinho congelado, mas não consigo ser assim, não consigo ser essa pessoa optimista, com muita pena minha. Acho que ele nem à descongelação vai sobreviver, quanto mais implantar. Pensar positivo não é comigo, estou a tentar encontrar uma clínica para fazer psicoterapia e vou voltar a escrever assiduamente por aqui, porque me faz bem.Enquanto estive internada no hospital da Luz falei com uma psicóloga e noto que me fez muito bem, quero continuar com esta experiência.
Quero tentar ser uma pessoa diferente, mais optimista e mais feliz, será possível?

4 comentários:

  1. Nem sei muito bem o que te dizer... Compreendo cada palavra que escreveste. Se eu estivesse na tua situação acho que pensaria da mesma forma. Não sei qual é o intuito deste constante pôr à prova, em tantas situações, que a vida nos coloca.

    Sabes que deste lado aguardo sempre expectante por razões que te dêem alguma paz de espírito. Estás em duas frentes que me são familiares e ambas são terríveis. Compreendo-te mesmo.

    Um beijinho grande e aguardo mais palavras :)

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  2. SIm é possível, o que tens passado é emocionalmente muito complicado, por vários aspectos que vão desde dores a infertilidade que tens tentado combater de forma muito veemente...
    Acho que falar ajuda ou pode ajudar e não tens nada a perder em tentar fazer com que te sintas melhor...
    Força e beijinhos...

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    1. É verdade. Quero genuinamente, pela primeira vez, sentir-me melhor. Amava "ficar" com a psicóloga que falou comigo no hospital senti uma grande empatia, mas a distancia não me permite! Agora deixa lá ver se me desenrasco aqui na santa terrinha..
      Beijinhos e parabéns

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