segunda-feira, 12 de abril de 2021

Segundo e terceiro trimestre

Com mais de um ano de atraso, mas com uma enorme vontade de escrever! 
O segundo trimestre não trouxe descanso nas dores, mas a barriga a crescer era uma alegria! Mal podia esperar para que não houvesse dúvidas que aquela barriga era de grávida, nunca me senti tão bonita, tão orgulhosa! Os enjoos passaram, e a comida passou a ter outro encanto, mas sem grandes desejos, excepto a predilecção por comidas envinagradas e mil folhas! Se isto tudo era verdade, o medo, o pânico que este sonho fugisse, deixasse de existir ou que algo não estivesse bem consumia os meus dias, ainda mais quando continuava com o meu exigente trabalho! Muitas vezes o trabalho já não era o meu escape, mas mais um motivo de ansiedade. As dores que não melhoravam, o facto de sentir que podia estar a fazer mal ao meu bebé, o cansaço que começava a aparecer, levaram - me para casa às 16 semanas. Fiquei triste quando fui buscar a baixa, ler que a data do seu término era em Agosto e tínhamos acabado de iniciar o mês de Março. Senti-me um pouco inútil,pois desde que terminei o curso trabalhei sempre... 
Foi por esta altura que na consulta de obstetra, às quase 17 semanas,que nos deram quase a certeza de ser uma menina, nessa consulta em que ficámos tão felizes, não fazíamos a mínima ideia de que seria a última consulta em que iríamos os dois e o último passeio no Colombo após uma consulta, pois a pandemia já tinha chegado e uma ou duas semanas mais tarde é declarado o estado de emergência. Hoje vejo que foi uma bênção podermos saber os dois ao mesmo tempo que íamos ter uma menina! Com o estado de emergência o marido ficou mais tempo em casa, o que acabou por ser bom, pois não me sentia tão sozinha. No último dia de Março fizemos a ecografia morfológica, a mais importante, não sem antes esta ser desmarcada a dois dias de se realizar por ter havido um caso de covid na clínica, felizmente, e com algum stress e esforço e tendo de abdicar do médico que tínhamos escolhido e em quem confiávamos,lá conseguimos marcar. Tivemos uma alegria enorme ao saber que estava tudo bem com a nossa menina. Mas, a pandemia roubou ao pai o gosto e o prazer de estar presente. Ansioso esperava por mim á porta da clínica assim que o vi assenei que estava tudo bem e corri emocionada para os braços do emocionado papá!
Falemos da pandemia e do que ela roubou. A gravidez é vivida intensamente pela maioria dos casais. Nós, que esperámos 4anos por ela, não fomos excepção, claro, e a pandemia roubou-nos e roubou-nos tanto! Ninguém da minha família à excepção dos meus pais e avó me viu grávida,e viram-me pouquíssimo, não pudemos estar os dois nas consultas e na maioria das ecografias, não pude escolher praticamente nada numa loja, queria tocar nas coisas, nos tecidos, queria exibir o barrigão como tanto sonhei, queria passear e nada foi possível, agora olhando para trás acho que me sinto mais assaltada agora do que naquela altura, pois naqueles tempos só queria mesmo era que ela estivesse bem. A entrada no terceiro trimestre fez com que as dores acalmassem o que me permitiu ter uma qualidade de vida superior,permitiu-me preparar o ninho, lavar e passar as roupinhas, com a ajuda da minha mãe e sonhar com a vinda da minha querida bebé. No entanto, esta bebé queria dificultar a vida dos papás até ao final! Comecei a senti-la bastante tarde e ela mexia muito pouco,o que me fez apanhar grandes sustos e ir às urgências algumas vezes. Foi medo de a perder até ao último dia, medo que o meu corpo incompetente não lhe valesse. No fundo, apesar de todos os momentos de dor forte, de medo que vivi, apesar dos sustos que apanhei com esta bebé que estava muito zen e sossegada, posso dizer que adorei estar grávida, a minha felicidade quando sentia o seu pontapé,quando sentia os seus movimentos era imensa e fazia com que todos os problemas do mundo desaparecessem. A minha bebé estava ali, havia vida dentro de mim e isso era o que bastava para ser a pessoa mais feliz do mundo!