10 anos depois e nova gravidez bioquímica.
Como é que é possível? Voltar aqui com 10 anos de diferença. Os 10 anos de diferença fazem muita diferença.
Fazem diferença porque sou a mamã. Sou mamã com endometriose. Desta barriga estragada saiu o ser mais maravilhoso, mais cheio de luz, com os olhos maiores e mais brilhantes e espertos e... Ok vou parar, estava aqui até amanhã, a elogiar a minha cria. A minha querida e amada filha, que me salvou, que me salva dia após dia e que me faz sentir um bom ser humano. Bom ser humano que me esforço por ser, e que por vezes falha a 200%. Nasci para ser mãe dela, não dúvido, e que feliz sou por ter tentado, por ter lutado, com unhas e dentes, e sangue e suor e um mar de lágrimas.
Sei que ela é um milagre, sei que não a mereço, sei que sem ela, por muito que me esforçasse não me sentiria completa, jamais. E é por mim, por nós e por ela que gostaria de lhe dar um presente que nunca tive ( que a endometriose da minha mãe me roubou também), um irmão ou irmã. Ter alguém para partilhar coisas na vida que só os irmãos partilham, e que neste momento, com a idade dos progenitores a avançar, sinto uma enorme falta. Ter alguém para partilhar.
Voltando ao início.
Se há 10 anos a gravidez bioquímica era esperança agora é só asneiras e palavras feias agora é fodasse mesmo. É what the hell? A sério que precisava mesmo disto? É sentir aquele saborzinho da expectativa que não vai dar em nada de analisar linhas de testes de gravidez com olhos de falcão e observá-las a não evoluir dia após dia, após dia, levando com eles a expectativa de algo fácil. Ahahah algo fácil, que bom seria eu e algo fácil na mesma frase. Não ainda não é desta, provavelmente não será de nenhuma.