terça-feira, 31 de janeiro de 2017

O que vai cá dentro #2

Hum.... não vai nada...
Nem me lembro que estou a preparar-me para iniciar FIV.
Estou curiosa para saber como vai ser o dia em que isto me começar a bater e eu me passar... Não vai ser bom, não vai ser bonito... 
Coitado do marido... e da cadela!

Sétimo dia de microginon e estou impecável. Vou fazer uma FIV, eu? Não sei de nada!

segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

Qualquer dia torno-me violenta

Em conversa com clientes no meu trabalho...
Cliente: A minha filha sempre disse, que no ano em que acabasse o curso, ia arranjar o emprego x e que ia comecar logo a trabalhar! Disse também, que no ano a seguir ia casar e que nesse mesmo ano ia ter um filho. Assim foi, foi tudo como ela planeou. Não gosta de surpresas, ahahah!
Dream (pessoa altamente irritada com a conversa, a ficar possuída pelo demónio tal é a soberba e a altivez): Por vezes, adianta muito pouco não gostar de surpresas...


sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

O que vai cá dentro

Cá dentro não vai nada de especial. Estou calma, tranquila, nada ansiosa. Estou também muito constipada, o que é muito aborrecido, só apetece fugir para casa e descansar. Não estou ainda a fazer nada sem ser a pílula. Nunca uma pílula me fez dores de estômago. Esta é terrível, um refluxo esofágico muito chatinho.
A nível de sentimentos, o que sinto é que este ciclo, aumentaremos as nossas chances de engravidar! Não vamos engravidar na mesma e, no final talvez nem haja transferência, ou talvez haja um beta, que se existir será negativo, mas apenas isso. Não tenho quaisquer expectativas que vá correr bem, mas quero que corra, claro. Sei que para o meio vou stressar imenso com todas as provas! Acho que vou fazer uma check list das provas todas: número, maduros, taxa de fecundação, embriões, ,classificações e já a sonhar alto, blastocistos e congelados!  Sei que vou reagir razoavelmente bem ao negativo, já me habituei a negativos, a menos que as hormonas me dêem muito a volta à molécula!

3o dia de microginon e esofago on fire!

quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

O começo

Hoje é um bom dia para começar!
Hoje é o dia em que vamos entranhar-nos, mergulhar nessa ""festa"", da procura pela vida, que é a infertilidade.
Fomos hoje à Ivi, visitar o Dr. Sérgio. O Dr. Sérgio explicou, que se estivesse tudo decente na ecografia íamos avançar! O quisto folicular desapareceu e o resto vai andando, pelas ruas da amargura! Ai quem me dera viver em Lisboa que ia já ao Dr. Alberto Relvas, para ele me descansar ou me preocupar com o que é que anda para aqui de endometriose. Enfim, também não temho nenhum endometrioma com indicação cirúrgica por isso é fechar os olhos e saltar!
Começa hoje o nosso protocolo curto, da FIV número 1! 
A estrada é longa, o fim está longe de aparecer. Mas quero acreditar que no fim da estrada o céu é mais azul, o mar é mais calmo e o sol é mais quente. 
Quero acreditar, ai quero tanto acreditar, que lá ao fundo estás tu meu amor. Com a carinha enrugada, as mãozinhas pequenas e o choro que procura o meu calor, o meu colo, a minha voz, para te acalmar, para te proteger e te adorar. E a vida não mais será a mesma. 

Dia 1-11: 1 comprimido de microginon

terça-feira, 24 de janeiro de 2017

Ser de caranguejo

Caranguejo. Nome do meio: nostalgia.
Tenho saudades daquele dia, em outubro de 2015 em que decidi parar de tomar a pílula. Tinha 29 anos feitos há um par de meses. Tinha a endometriose em fase de lua de mel. Tinhamos casado também há pouco tempo e íamos mudar-nos para a nossa casa nova a qualquer momento. Os astros pareciam acertados e secalhar mesmo com a endometriose no bucho ia correr tudo bem. Não é que tudo fosse ser fácil, pensava eu. Mas havia histórias boas, de vitórias e eu não estava quieta! Comecei logo acupuntura com um terapeuta que até percebia de endometriose,comecei com fitoterapia chinesa, óleo de onagra, ácido fólico, vitex agnus castus, tudo para ajudar e tentar manter a endometriose bem sossegada. Estava a fazer tudo certo, a ter cuidado com a alimentação, com tudo.
Tenho saudades, caramba sou mesmo caranguejo, desse tempo. Sabem? Dessa esperança ingénua, desse acreditar.
Já passou tanto tempo, ui tanto... foram já tantas desilusões, tantas falhas, tantas lágrimas, tantos sentimentos, tantas palavras escritas.
O que estarei eu a escrever daqui a um ano? Medo do futuro, nostalgia do passado!
Sabem o que quero escrever daqui a um ano? Quero perguntar-vos sobre cocó mole e cocó duro amamentação e mostrar-vos as mãozinhas e os pezinhos dos gémeos.
Quero saber o que é ser mãe, mesmo com endometriose.
Bem hoje não me calo. É dos nervos.

O caminho faz-se caminhando


Amanhã, dia 25 de Janeiro, começa um novo ciclo das nossas vidas. Na minha e na do meu querido marido. Amanhã damos mais um passo na direção do nosso sonho já tão sonhado, já tão amado.
O medo daquela sonda de ecografia, não vou mentir, nem dourar a pílula, é muito. Sinto-me como sempre me senti desde 19 de Janeiro de 2011 quando me foi diagnosticada a endometriose, em pânico. As palavras proferidas, já em Junho desse ano, pelo Dr. Alberto Relvas "endometrioma à esquerda, endometrioma à direita, adenomiose", ficaram marcadas, gravadas em mim, como uma dolorosa tatuagem. Desde esse dia, em que ouvi, em voz alta, o que se passava nas minhas entranhas, fazer um ecografia tornou-se o meu pior pesadelo. O medo de ouvir, novamente, a palavra endometrioma é imenso. Ai que bom que é, então, seguir para tratamento e saber que vou fazer ecografias endovaginais dia sim dia sim! Tenho esperança que, pelo menos, sirva para aliviar este pânico.! Depois,  a seu tempo surgirão outros pânicos, outros medos, relacionados com números de folículos, com ovócitos maduros, com taxas de fecundação, com blastocistos, com embriões congelados, com espessuras de endométrio,etc... É nestas alturas que me lembro como é boa a ingenuidade de um casal sem problemas de fertilidade! Mas essa não é a nossa realidade .
Hoje o período chegou e chegando chega também aquela tristeza, aquela desilusão. Por ser mais um mês que não te tenho junto a mim. 
Tenho que ser forte, continuar a aceitar a minha condição, fugir da depressão e continuar com a coragem de pôr mãos à obra. Na realidade, tenho que saber alimentar e regar a minha esperança, porque se não tivéssemos esperança, que vamos conseguir ser pais, amanhã não haveria consulta.
Amanhã não iremos começar um tratamento iremos traçar o nosso plano e ver o que nos espera se apenas exames, se uma cirurgia. O que vier, virá  e será pelo melhor, é disto que tenho que me convencer e é nisto que preciso muito acreditar.
Sinto-me bem em vir aqui escrever, ajuda-me a permanecer neste espirito da força, da fé, da coragem.



"O caminho é árduo e duro, mas sendo caminho faz-se caminhando"


segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

Puta de vida


Que puta de vida esta. Está tudo ao contrário. Virado do avesso. Nada flui como deveria, parece que não acontece como supostamente aconteceria.
Puta de vida esta, em que crianças têm cancro e em que os mais velhos, depois de tanto amor dado, têm falta dele.
Puta de vida esta, em que  andamos sempre a correr não temos tempo para estar com os que mais amamos. Vamos para outra cidade,a muitos quilómetros de distância, emigramos, e bem longe ficamos, de quem faz o nosso coração bater.
Puta de vida esta em que casais que só querem ser pais, algo tão pouco excêntrico, tão cru, tão animal, e não o conseguem ser. 
Puta de vida esta quando vemos amigos a sofrer.

PUTA de vida, injusta.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

Luto pela gravidez espontânea

O luto, dizem os especialistas, tem 5 fases. Não é que me bateu agora, que precisei mesmo de fazer o meu luto, pela impossibilidade de conseguir uma gravidez espontânea, uma concepção dita normal?
A ideia de conceber um bebé, espontaneamente, num bonito acto de amor e entrega é o que temos como ideal. Conseguir dar um filho ao nosso marido é o que temos como ideal. Desejar e conseguir ser mãe/engravidar é  o que temos como ideal.
Quando começamos a constatar que connosco não vai acontecer assim, que precisamos de ajuda, pode ser complicado. Para mim foi, sem dúvida!! Aliás, continua a ser e, analisando passei claramente por todas as fases do luto.
Fase 1: A negação. A fase em que não achava possível isto me estar mesmo a acontecer, sobretudo pela gravidez bioquímica espontânea que tive, logo no segundo ciclo após paragem da pílula, e primeiro mês de tentativas a sério. Acreditava que no ciclo que se seguia os astros se iriam alinhar em meu beneficio. Ciclo após ciclo não se alinharam...
E assim passei para a fase 2: a raiva. Porquê a mim? O que fiz para merecer isto? Sentia inveja profunda das que conseguiam a sua risquinha sem querer, ou de um mês para o outro, num simples descuido.
À raiva seguiu-se a negociação, em que se começa a perceber que secalhar a "perda" é real, neste caso, a impossibilidade de conceber um bebé "à moda antiga". Aqui tentei negociar através da fé, com nossa senhora, com Deus com orações, promessas...
Seguiu-se a fase 4: depressão. Esta fase surgiu quando reconheci que realmente o problema existia, que o que se passava não era normal. Constatei que a minha endometriose não me tornara apenas sub-fértil, tornara-me infértil. Percebi que sem ajuda não ia acontecer. Pedir ajuda era inevitável e incontornável, não havia como fugir e senti-me triste e sem forças sem ter como escapar da minha realidade. Não queria viver e os meus problemas não tinham solução, porque me recusava a aceitar ajuda.
Estou a viver neste momento a fase da aceitação em que tento realmente aceitar com paz e serenidade o que a vida escolheu para mim. Já não sinto o desespero que sentia e sinto-me com muita vontade de aceitar ajuda. Sinto-me feliz por ter uma linda família e um marido que amo muito e que me ama também. Quero muito ter um filho, quero mais ainda que o meu marido tenha um filho, mas se por algum motivo não tivermos iremos juntos ultrapassar mais este obstáculo.
Força e coragem para quem está na luta

PS Boa sorte para amanhã para a mylittlefairytale e outras meninas, que hoje foi um dia daqueles mesmo bons!