sábado, 31 de dezembro de 2016

2017



NEVER LET YOUR FEAR 


DECIDE YOUR FATE


Honestamente não me sinto calma, nem sinto que as coisas vão correr bem, mas tenho que perceber que não sou bruxa, nem vidente, o que eu sinto, não interessa, porque na realidade eu não sei, ninguém sabe. Pode correr bem ou mal. Haverá com certeza estatísticas, essas não serão abonatórias, mas o desfecho, com ou sem certezas, eu não sei. Se não tentar, eu não sei.
Sou movida pelo medo, pelo medo de não correr bem, e pelo meu instinto de sobrevivência. O meu instinto na dualidade "fight-or-flight", é sempre "flight", nesta altura da minha vida, tenho que ser capaz de lutar em vez de fugir, tenho que mudar e parar de querer proteger-me de sofrer.

Esta sou eu. Sem filtros. Sem floreados. Não é bonito. Não é reluzente. Não é alegre, e não é animador. Este blog é oficialmente lame (just plain stupid, un-original, or lifeless), mas é meu e é uma ajuda escrever, ajuda-me a perceber o que realmente sinto, ajuda-me a desabafar e foi bom tê-lo em 2016.
Consulta já agendada em 2017.

Feliz ano novo



quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

De rastos

Hoje estou assim. Na minha cabeça está tudo claro. Vou começar mais uma caixa de pilula quando o período se dignar a vir e após essa caixa vou para a ivi. No primeiro ou segundo dia do ciclo, lá me terão. Vou entregar-me nas mãos deles e logo se verá.
Mas apesar disto estar muito claro, estou absolutamente perdida. Morta de pena de mim. Morta de desgosto por ser eu. Por não ser como as outras, parar a pilula e ver a risca a aparecer.
Não sei em que acreditar, sinto que nem na  ivi nem em lado nenhum vai resultar que não vale a pena gastar dinheiro e tempo por uma coisa que nunca vai dar certo.
Só queria desaparecer e levar comigo toda a minha incompetência.

sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

Nesta altura custa mais...

As fotografias das barrigas ao pé da árvore de Natal e da lareira. Desculpem, mas são como facadas. Sou triste e mesquinha e invejosa mas é o que sinto.
Ah, mas tu nem estás a fazer nada para engravidar! Devias era estar calada! Mas não consigo, nesta altura custa mais.
Boas festas a todas!

terça-feira, 20 de dezembro de 2016

Loucuras da infertilidade

No ano que tentei engravidar, senti-me muitas vezes louca e, apesar de agora estar em pausa sei, lá no fundo, que ainda não desisti de ser mãe, por isso novos momentos de loucura me aguardam. Mas, também sei que fui muito feliz quando parámos com a verdadeira paranóia mensal que é tentar engravidar. Viajámos, relaxámos, tivemos momentos felizes. Claro que cada vez que vi uma grávida ou um bebé o meu coração ficou do tamanho de uma ervilha e os meus olhos brilharam embargados de tristeza.
Tentar engravidar sem ajuda médica, quando sabemos que temos um problema que nos condiciona a fertilidade é muitas vezes viajar sem mapa. Não temos quem nos diga se já ovulamos ou não, quando tentar, se é cedo para fazer o teste, como não temos mapa, às vezes viajamos um bocado à toa.
Das coisas que mais me fazia endoidecer era tentar perceber se já tinha ovulado, se ovularia e neste caso quando! Muco cervical, temperatura, testes de ovulação, moinhas nos ovários seria ovulação? Seria um endometrioma a crescer? Seriam quistos? Após  a fase da ovulação, cerca de uma semana depois começava a maior ansiedade e era ver-me a apalpar as mamas 30 vezes ao dia, ora acho que doem ora já não doem. E mesmo que doam pode ser por motivos totalmente contrarios a uma gravidez! Depois aquela dualidade de pensamentos, do : vou ter esperança ou não vou criar nenhumas falsas expectativas. E o acreditar que por ser Natal, por ser Páscoa, por ser dia da mãe ou dia de qualquer coisa é que ia mesmo acontecer! Para mim, ainda havia a fase do spotting 11 dias após a ovulação, o que significava mais um negativo...E mais um acesso de loucura, ir de forma doentia à casa de banho para ver se tinha ou não spotting.
As tentativas infrutíferas de engravidar, as ansiedades e as angústias, não apenas no final de cada ciclo, mas ao longo do ciclo conjugadas com as funções e as expectativas que a vida nos exige podem tornar-se um verdadeiro suplício e levar-nos ao esgotamento e à depressão.
A minha experiência reside apenas num ano de tentativas espontâneas, quando inseridas num contexto de PMA tudo triplica, pois além do desgaste emocional existe um desgaste físico e um investimento financeiro, que fazem com que tudo se torne ainda mais difícil.
Força e coragem para quem está na luta

terça-feira, 13 de dezembro de 2016

This is gonna happen

Estava no outro dia a rever na sic mulher, um episódio da série Brothers and Sisters. Gostei imenso da série quando estreou. Achei que devia partilhar convosco, uma conversa do casal Kitty (Calista Flochart) e Robert (Rob Lowe) que luta contra a infertilidade. Já fizeram tratamentos, nomeadamente FIV, todos eles falhados, não chegaram a transferência. Esta conversa passa-se num mês de pausa de tratamentos de pma e de tentativas au naturel. Para mim fez muito sentido e às vezes é preciso um empurrãozinho para percebermos melhor os nossos sentimentos.

Robert: (...) It starts to feel like a job doesnt it?
Kitty: Im sorry... I dont think i really wanted to try this month...
Robert: Really?
Kitty: Well I mean I did, but I just really didn't...I guess... It's just the next part is so miserable. You know, all the obcessing! I hope, and I pray... and then I get all disappointed and crushed again.
Robert: (...) We have to hope (...) This is gonna happen. I dont know how. I dont know when. But this is gonna happen.

Eu estou nesta fase que a personagem, supostamente, está. Não quero tentar. Nem espontaneamente, nem indo ao médico, fazendo tratamentos, nada. Só quero estar aqui, quieta, a fazer-me de morta. Porque não é o tratamento que me assusta, que me mete medo, é o depois. É o hope and pray para nada. Para ficar novamente desfeita em mil pedacinhos, que tenho que voltar a unir, e uma pessoa não pode andar a trabalhar, só para comprar cola! O preço da cola está pela hora da morte!